Foi preciso esperar pela lotaria dos penáltis para ser encontrada em Setúbal a primeira equipa apurada para os quartos de final da Taça de Portugal. Num jogo que se divide em duas partes (com pulmão e sem pulmão), o Rio Ave regresso ao norte cansado, mas com a sensação de dever cumprido depois de uma batalha duríssima travada em terras do Sado.

Quim Machado promoveu quatro alterações em relação ao jogo de sábado passado com o Benfica, em que os sadinos foram derrotados por 2-4. Saíram William, Arnold, Ruca e André Horta; entraram Gorupec, Vasco Costa, Dani e Costinha. Do lado dos vilacondenses, Pedro Martins fez trocou três da receita que esteve na base do triunfo sobre o Arouca por 3-1: Pedrinho, Wakaso e Zeegelaar entraram para os lugares de Lionn, Novais e Ukra.

FILME E FICHA DE JOGO

Pulmão semi-renovado de parte a parte depois de pouco tempo para as duas equipas recuperarem do desgaste do fim de semana. E como as duas equipas iam precisar dele para resistir a duas horas de futebol.
 
Logo após o jogo com o Benfica, Quim Machado tinha-se mostrado confiante na recuperação da equipa sadina para a receção ao Rio Ave. Certo é que o Vitória entrou melhor na partida. Mais afoito e a conseguir bloquear as zonas de construção do Rio Ave.

Passemos então ao golo de Suk, momento alto de uma noite de futebol que seria loooooonga. Aos 12’ minutos, o coreano arrancou da direita para o centro. Ameaçou, ameaçou… até ter enquadramento para rematar. O tiro, fortíssimo de pé esquerdo, entrou junto ao canto superior direito da baliza de Cássio, num daqueles momentos que já começam a ser normais nele Demasiado normais para serem considerados simples laivos de sorte, diga-se.

Não é fácil acordar cedo. Os músculos presos, a vontade que não é muita, o sono que teimosamente não deixa abrir os olhos. Mas o golo do Rio Ave teve o condão de despertar o Rio Ave da sonolência com que entrou no jogo.
A equipa de Pedro Martins pegou na partida e encostou as linhas do meio campo sadino à defesa. Bressan, Pedrinho e Wakaso foram deixando o aviso, mas o perigo maior chegou nasceu de Zeegelaar, que perto da meia hora cabeceou ao poste direito.

Os sadinos lá se iam defendendo como podiam e apostavam nas transições rápidas para o ataque, marca indelével deste Vitória da era Quim Machado. À passagem da meia hora estiveram perto do 2-0. Nuno Pinto (primeira parte de excelente nível até sair por razões de ordem física ao intervalo) tirou o cruzamento da esquerda e André Claro rematou forte à barra.

O 2-0 à distância de centímetros. Ali e pouco depois, quando Vasco Costa se antecipou a Cássio e não marcou por mero acaso. Salvava-se o Rio Ave, equipa mais adulta, cerebral, mas com dificuldades para anular os três homens mais adiantas da equipa da casa.


Rio Ave melhor na segunda parte

Inverteram-se os papéis no reatamento do encontro. Melhor o Rio Ave. Mais afoito, mais equilibrado. E com mais pontaria. Aos 49’, Wakaso aproveitou corte de Rúben Semedo da zona central e disparou uma pastilha do meio da rua que só parou no fundo das redes de Ricardo.

Foram 15 minutos de bom nível da equipa de Vila do Conde, que encostou os sadinos às cordas, muito graças às batalhas ganhas no meio campo. Alertado, Quim Machado mexe. Tirou Vasco Costa e lançou André Horta. Pressão sacudida, reequilíbrio conquistado numa segunda parte onde os 22 jogadores já começavam a acusar o desgaste de uma primeira parte que ficou partida logo após o golo de Suk.

Ora, se a balança estava equilibrada, depressa voltou a pender para o lado da equipa de Pedro Martins quando Rúben Semedo entrou duríssimo sobre Pedro Moreira. João Capela não teve contemplações e deu ordem de expulsão ao central do Vitória.

Foi mais de meia hora o tempo que os sadinos estiveram a jogar com menos um. Aguentaram-se no que restou dos 90 minutos e durante os 30 minutos do prolongamento, os últimos sete já com o Rio Ave também reduzido a dez (expulsão de Zeegelaar).

Tentaram, enfim, congelar a força do Rio Ave, que já era pouca mas que a usava para fazer os possíveis a fim de evitar o drama das grandes penalidades, com muitos remates, a maioria deles prensados pela defesa sadina.

Receavam-no mas sem razão aparente para isso. Estava lá Cássio, que travou penáltis de William e Suk. Pouco depois das 21h40, quase três horas depois do apito inicial, Yazalde desfez a incerteza. O Rio Ave é a primeira equipa nos quartos de final da Taça de Portugal.