O Pontassolense vendeu cara a derrota. A primeira derrota, aliás. A equipa madeirense apresentou-se em Braga com esse título de ser a única formação europeia sem derrotas (considerando todas as competições), o que arrastou consigo uma enorme curiosidade. No fim perdeu o título, mas ganhou o respeito. Um enorme respeito, de resto.
Um jogo bastou para ver como a invencibilidade não era obra do acaso. A formação de Lito Vidigal mostrou ser um conjunto homogéneo, solidário e muito bom de bola. Tem princípios nobres (entre os quais o romantismo com que joga futebol é o mais evidente) e coragem para olhar um adversário de nível europeu bem nos olhos.
O treinador, um dos membros do clã Vidigal, está de parabéns, por isso. As melhores jogadas do encontro, as mais bonitas, pelo menos, pertenceram à formação da II Divisão. Com um futebol rápido, apoiado, de bola sempre no chão e grande dinamismo, o Pontassolense chegou a criar a ilusão de poder fazer uma surpresa.
No fim perdeu o jogo e a invencibilidade. Com alguma naturalidade, aliás. Apesar de todos os bons princípios da formação insular, a diferença entre as duas equipas é enorme. Mais rápidos, mais fortes e com outra cultura táctica - sobretudo nos processos defensivos -, o Sp. Braga esteve quase sempre por cima do adversário.
João Pinto contra a ilusão de surpresa
Rogério Gonçalves não facilitou, devolveu à equipa Madrid e João Pinto, apenas tendo mexido, na baliza (Dani ocupou o posto de Paulo Santos), nas laterais (Frechaut e Paíto jogaram nos lugares de Luís Filipe e Carlos Fernandes) e na extrema direita (deu uma hipótese a Bruno Gama). De resto apostou na equipa mais forte, uma equipa que por isso tomou sempre conta do encontro e só com algum azar não chegou ao intervalo em vantagem. O golo de Zé Carlos, logo aos 17 minutos, até moralizou os jogadores, mas Pires, na marcação de um livre, à passagem da meia-hora, devolveu tudo ao início.
Na segunda parte as coisas até pareciam correr melhor ao Pontassolense. A formação de Lito Vidigal continuava a jogar o seu futebol, de toque rápido e progressão sustentada, cada vez mais tranquilo, enquanto o Sp. Braga parecia ficar inquieto com a forma como os minutos avançavam. Até que numa jogada rápida gera-se uma falha de marcação que permite a Zé Carlos assistir João Pinto para o golo da vitória. Depois disso ainda cheirou a empate, num livre de Adriano (ele e Gleibson são jogadores de outros campeonatos). Não deu. O Pontassolense perdeu o jogo mas ganhou o respeito.
FICHA DE JOGO
Estádio Municipal de Braga, em Braga
Espectadores: cerca de sete mil
Resultado ao intervalo: 1-1
Árbitro: Olegário Benquerença (Leiria)
Assistentes: José Cardinal e Bertino Miranda
Quarto árbitro: Fábio Veríssimo
SP. BRAGA: Dani; Frechaut (Ricardo Chaves, 90m), Nem, Rodriguez e Paíto; Madrid (Castanheira, 74m), Vandinho e João Pinto; Bruno Gama (Césinha, 60m), Zé Carlos e Wender.
Suplentes não utilizados:: Paulo Santos, Pedro Costa, Paulo Jorge e Davide.
Treinador: Rogério Gonçalves
PONTASSOLENSE: Vítor Pereira; Hugo Gomes, Calado, Hélton e Paulo Pereira (Ismael, 87m); Adriano, Celso (Carlo, 61m) e Gleison (Glauco, 83m); Mário Rondon, Ângelo e Pires.
Suplentes não utilizados: Costinha, Gustavo e Agostinho.
Treinador: Lito Vidigal
Golos: Zé Carlos (17m), Pires (30m) e João Pinto (59m).
Disciplina: Cartão amarelo para Paíto (30m) e Paulo Pereira (34m).