Talvez não fosse preciso o erro de Zarabi para eliminar o Vitória de Setúbal da Taça de Portugal. Mas o facto é que o defesa argelino cometeu um erro grosseiro e fez ruir a estratégia de Manuel Fernandes. O bloco sadino desmoronou-se desde então e os bracarenses puderam finalmente materializar a sua superioridade. Mossoró, à bomba, e Moisés, com um cabeceamento que o fez pairar no ar, confirmaram a passagem dos arsenalistas à fase seguinte.
Sim, é um facto, a pedreira tem destas coisas, proporciona bons trocadilhos. Mas não é forçar a nota dizer que o Braga passou os primeiros 35 minutos da partida a partir pedra. Líder na Liga, a equipa de Domingos tinha obrigação disso e não enjeitou as suas responsabilidades perante um Setúbal que só mostrava o seu atrevimento de longe a longe.
Facto é que os arsenalistas não foram avassaladores no primeiro terço do encontro: transições lentas, falta de rapidez pelos flancos, enfim, tudo aquilo que faz do Sp. Braga uma máquina de jogar bom futebol engrenou de forma intermitente. Onde se fazia a diferença, então? Nas individualidades. Aí o Braga é claramente superior e foi esse o caminho para a equipa da casa tomar conta do jogo. Resumindo: Bola em Mossoró, que o pequeno craque brasileiro dribla um ou dois que lhe apareçam pela frente. Bola em Alan, que o expedito carioca vai sempre fazendo mossa pelos flancos. Bola em Paulo César, que o contra-peso de Alan, na esquerda, também tem futebol nos pés e sabe rematar (como aconteceu, logo aos 6¿, na primeira oportunidade bracarense). E quando a bola estava parada, cabia a Hugo Viana levar perigo à baliza adversária.
O erro argelino
Tudo ia nesta toada quando Zarabi resolveu dar um pontapé na monotonia, ou, como quem diz, um toque em Mossoró¿ dentro da área. O médio só via a baliza pelo canto do olho e junto à linha lateral decidiu ensaiar a sua tradicional finta de rédea curta. O incauto Zarabi caiu na esparrela: erro, imprudência que detonou a estratégia sadina. O bloco montado por Manuel Fernandes ruiu pela base e foi-se desmoronando na segunda parte, já sem o argelino em campo (substituído ao intervalo).
Mossoró, mais uma vez
No regresso dos balneários voltou a bola no pé de Mossoró, no de Alan, Paulo César e as bolas paradas e aberturas de Viana, mas o Braga trouxe também a rapidez nas transições e a velocidade pelos flancos. Finalmente. E o domínio foi avassalador. À medida que o tempo avançava, ultrapassar o meio-campo ia-se tornando numa aventura cada vez maior para os setubalenses, que ao intervalo perderam por opção técnica a irreverência de Hélder Barbosa. Mas aí, voltou aparecer Mossoró, como se precisasse de relembrar a todos que é de facto craque, a encher o pé e a rematar fortíssimo para o fundo das redes: um golo de bandeira e Moisés, que pairou no ar por segundos para, de cabeça, confirmar a superioridade bracarense. 3-0, estava o resultado feito e não foram mais porque os remates bracarenses nem sempre encontraram a melhor direcção. Facto é que, se o Braga começou a partir pedra, confirmou toda a sua superioridade acabando com o jogo à bomba.
Ficha do jogo
Estádio Municipal de Braga
Cerca de 5.000 espectadores
Árbitro: Vasco Santos (Porto), auxiliado por José Ramalho e Joaquim Freitas. 4.º árbitro: José Coelho
Sp. Braga: Kieszek; João Pereira, Moisés, Rodríguez e Evaldo; Vandinho (Andrés Madrid, 77), Hugo Viana e Mossoró; Alan, Meyong (Matheus, 68) e Paulo César (Adriano, 72).
Treinador: Domingos Paciência
Vit. Setúbal: Mário Felgueiras; Zarabi (Brigues, 46), Zoro, André Pinto e Ruben Lima; Sandro, Djikiné e Regula (Vasco Varão, 56); Luís Carlos, Keita e Hélder Barbosa (Lourenço, 46).
Treinador: Manuel Fernandes
Marcadores: Meyong (36 g.p.); Mossoró (69), Moisés (76)
Disciplina: Cartão amarelo a Paulo César (11); Hélder Barbosa (24); Zarabi (35), Zoro (35), João Pereira (65), Djikiné (77)