Com dois treinadores muito experientes nos bancos, só nas grandes penalidades é que se encontrou o vencedor de uma partida em que o receio de perder superou a vontade de vencer. Na lotaria dos penalties, saiu a sorte grande ao Arouca que marcou seis das suas tentativas, contra cinco do oponente, seguindo para os oitavos-de-final da Taça de Portugal.

A equipa de Lito Vidigal volta a ter “estrelinha” nesta competição, depois de ter eliminado o Leixões no prolongamento. O Chaves, mostrou futebol para se intrometer entre os candidatos à subida, colocando em sentido uma equipa a fazer um campeonato tranquilo.

Lito Vidigal não facilitou e, apesar de defrontar uma equipa da II Liga, colocou em campo o mesmo onze que defrontara o Sporting para o campeonato.

O jogo começou com grandes cautelas de parte a parte. Encaixadas num 4-3-3, as equipas aproveitaram os primeiros minutos para se estudarem, não arriscando um milímetro no quarto de hora inicial.

A primeira tentativa de mexer com o jogo partiu de Ivo Rodrigues que, à passagem dos 15 minutos, entrou na área pressionado por Diogo Coelho, picando a bola por cima do guarda-redes contrário, com a bola a ir, caprichosamente bater no poste.

Esse seria o tónico para a melhoria do jogo do conjunto de Lito Vidigal que, quase sempre através de iniciativas do extremo cedido pelo FC Porto, assumiu as despesas da partida ainda que sem conseguir criar muitos lances de perigo.

O domínio arouquense partia detrás, onde, fechando os espaços entre-linhas impedia a construção de jogo dos flavienses que nunca conseguiram chegar com perigo à baliza de Bracali, fruto da excelente organização defensiva arouquense – algo que começa a ser uma imagem de marca desta equipa.

A melhor oportunidade da primeira parte pertenceu a Zequinha. À passagem dos 35 minutos, Ivo Rodrigues arranca um cruzamento-remate da esquerda e o extremo ex-Setúbal falhou a emenda, quando só tinha Paulo Ribeiro pela frente.

Esse seria mesmo o último lance de interesse, num primeiro tempo bastante frio como a tarde que se fez sentir em Arouca.

Mais Chaves e jogo… aberto

Na segunda parte, o conjunto da segunda Liga entrou mais afoita, conseguindo, nos primeiros cinco minutos fazer os mesmos remates que em toda a primeira metade. E o domínio forasteiro estendeu-se pelos minutos seguintes, obrigando Lito Vidigal a mexer no seu xadrez, colocando Adilson para o lugar de Zequinha.

Apesar da mudança, continuou a ser a formação visitante a criar mais perigo, recorrendo, sobretudo a remates da meia-distância. Luís Pinto e Braga testaram a atenção de Bracali por mais de uma vez e Sandro Lima, já dentro da área também desperdiçou uma bela oportunidade, fazendo a bola subir muito.

Com um jogo mais aberto, o Arouca respondeu, com um lance de Nuno Valente que levou alguns adeptos a gritar golo. Pura ilusão. O remate na passada saiu rasteiro, ligeiramente ao lado da baliza contrária.

Pouco depois, Lito Vidigal alterou o sistema tático, colocando Maurides ao lado de Roberto, tirando Ivo Rodrigues – muito apagado no segundo tempo. a mudança começou por conseguir encostar os flavienses à retaguarda, mas por pouco tempo, muito por causa da falta de inspiração dos homens de Lito Vidigal na segunda parte.
A possibilidade de a partida seguir para prolongamento começou a ganhar forma até pela decisão de ambos os treinadores em não esgotar as substituições no tempo regulamentar.

Prolongamento? Não podemos passar já para os penalties?

O final dos 90 minutos chegou arrastado por duas equipas que preferiram manter o empate do que ir em busca da vitória. E se dizemos isto em relação aos últimos dez minutos do tempo regulamentar, o que dizer da primeira parte do prolongamento? Nada. Se tiver mesmo de ser, podemos relatar o único remate (?) desses 15 minutos, com Adilson a cabecear fraco para as mãos de Paulo Ribeiro… aos 117.

O que se assistiu em Arouca não foi ao prolongamento do jogo, mas sim do sofrimento de quem assistia. Os adeptos arouquenses bem protestaram pela falta de qualidade do futebol apresentado, mas a verdade é que os jogadores de ambas as equipas apresentaram.

As grandes penalidades não foram mais do que um castigo máximo para a ausência de futebol apresentado.