O FC Porto não visita o Jamor há cinco anos e terá pressa de chegar ao palco da final da Taça de Portugal. Será o caminho mais acessível para festejar a conquista de um título se tudo o resto falhar. Em Barcelos, o dragão deu passo de gigante nesse sentido (0-3).

 

O último troféu do clube portista, não é demais lembrar, remonta a agosto de 2013. Um período de seca nada habitual. Nesta quarta-feira, o FC Porto fez o que lhe competia para reclamar favoritismo na Taça da Portugal. Peseiro estreou-se na prova – como técnico portista – com eficaz gestão de recursos e resposta positiva da linha alternativa.

 

Hélton, Maicon, Rúben Neves, Silvestre Varela, Marega e Suk. Seis novidades, quatro jogadores com peso no balneário e dois reforços com necessidade urgente de integração. Suk fez o seu primeiro golo, Marega fez o seu primeiro jogo. Cumpriram. Aliás, a resposta da equipa foi interessante, sobretudo na etapa complementar, e deixou indícios positivos para o futuro. 

 

Rúben Neves tinha apenas 14 anos quando o FC Porto esteve pela última vez ao Estádio do Jamor. Por um lado, demonstra que o médio ainda tem o tempo a seu favor. Por outro, enfatiza o que Peseiro lembrou de véspera: os dragões estão arredados da final da Taça há demasiado tempo.

 

José Peseiro falou em quatro anos mas são cinco, em abono da verdade. Se o FC Porto carimbar o apuramento para o jogo decisivo da competição, chegará ao Jamor a 22 de maio de 2016, sessenta meses após uma goleada frente ao V. Guimarães numa época histórica sob o comando de André Villas-Boas.

 

O FC Porto conquistou nessa altura a terceira Taça consecutiva – obra iniciada por Jesualdo Ferreira – mas não mais voltou a Oeiras.

 

Está aberto o caminho para o regresso. Rúben Neves deu o mote ao cair do pano de uma etapa inicial de parca inspiração. Foi apenas o segundo golo do jovem médio, que está a chegar aos 19 anos, pela equipa principal do FC Porto.

 

Rúben Neves (talvez a maior mérito a apontar a Julen Lopetegui na sua passagem pelo clube) marcou na estreia, já em agosto de 2014, e voltou a festejar quase ano e meio depois. Um golo importante para um jogador que atravessava uma fase de menor confiança.

 

O 0-1 em Barcelos, já perto do intervalo, teve igualmente um efeito dissuasor para o Gil Vicente. A equipa da II Liga entrara melhor no encontro e Vítor Gonaçlves chegou a atirar ao ferro da baliza de Hélton, antes de Marega e Suk ameaçarem o golo do lado contrário.

 

Os dois avançados recrutados em janeiro jogaram de início, fazendo parte de um processo ofensivo que revelou algumas falhas de compreensão e entrosamento. Silvestre Varela foi compensando com uma entrega assinalável, enquanto Brahimi demonstrava pouca inspiração na sua posição central.

 

A segunda metade começou com nova oportunidade flagrante para o Gil Vicente. Na sequência de um pontapé de canto, Renan surgiu sem oposição à entrada da pequena área mas cabeceou ao ferro.

 

Os homens de Nandinho falharam demasiadas ocasiões – ter um ponta-de-lança como Simy, que cria mais do que concretiza, não ajuda – ficaram à mercê do FC Porto.

 

Com uma hora de jogo, apareceu o assistente Layún para apresentar mais um capítulo da sua histórica. Leitura perfeita para um cruzamento à medida. Suk, em jogo, respondeu da melhor forma e marcou o seu primeiro golo com a camisola azul e branca.

 

José Peseiro não queria adiar a decisão e ganhou conforto importante o jogo da segunda mão, a realizar no início de março, num ciclo extremamente apertado de compromissos.

 

O resultado final seria fixado de forma curiosa. Layún conquistou um livre à entrada da área e saiu a par de Brahimi. O argelino estava a preparar-se para atirar à baliza mas o momento era de Sérgio Oliveira. E de que maneira. O médio entrou, ajeitou a bola e colocou-a ao ângulo. Um golaço!

 

Sérgio Oliveira, que ficou no plantel face à transferência de Imbula, pode reforçar a sua importância na hierarquia do setor intermediário e ficou motivado com a obra de arte em Barcelos. O jogador português ainda procurou novo golo – assim como Marega, que melhorou na última meia-hora – mas não havia tempo para mais.