Quando pensamos em jogos das primeiras eliminatórias da Taça de Portugal vêm sempre à memória os embates de pequenos contra gigantes, dos Davides contra os Golias do nosso futebol.

Na tarde deste domingo, em Gavinhos, Figueira de Lorvão, ninguém sequer pensou por um momento em mudar a festa da Taça para a vizinha Coimbra ou para outro estádio qualquer da região. A fanfarra fez-se mesmo no Campo da Feira Nova, com apenas uma bancada e peão mas um mar de imensa paixão.

Ou melhor, um rio. O Ave parece ter invadido as proximidades do Mondego, com mais de uma centena de adeptos vilacondenses a participarem na festa das bancadas. E que bonita foi: tambores, bombos, trompetes, palmas, gargantas bem afinadas.

A rivalidade não passou do convívio salutar, das trocas de cachecóis, das ofertas do emblema grande ao pequeno (ficou muito bem ao Rio Ave ter oferecido cachecóis e adereços aos adeptos da casa). A festa foi feita quase sempre em conjunto. E quando digo quase, é porque na hora de a bola rolar, unionista e rioavista puxaram cada um a brasa à sua sardinha e trataram de apoiar os seus.

A tarde nem estava muito convidativa para ir ao futebol, mas em qualquer ocasião, uma boa festa popular é sempre de se aproveitar. E o que aconteceu esta tarde em Gavinhos, mais do que um jogo, foi um convívio, um momento para o povo desta localidade aproveitar ao máximo, sentindo o que é defrontar um emblema que habitualmente só veem jogar através da televisão.

No final, o resultado foi o esperado, normal face à diferença considerável entre estas duas formações. Mas mesmo assim os adeptos da casa nunca esmoreceram e terminaram a partida a despedir-se de forma cordial dos adversários, que hoje também passaram a ser amigos.

Mais de um milhar de pessoas fizeram de Gavinhos um sítio especial esta tarde. Isto, meus amigos, é Taça pura e ninguém nos pode tirar esta satisfação…