As desistências de Nick Kyrgios e de David Ferrer podem ter tirado algum brilho ao Millennium Estoril Open mas, ainda assim, não vão faltar motivos de interesse para acompanhar a edição cujo quadro principal arranca esta segunda-feira no Clube de Ténis do Estoril.

As presenças de um finalista de um torneio do Grand Slam (Kevin Anderson), de um antigo número 1 (Lleyton Hewitt na variante de pares), de vários portugueses e de muito sangue novo a preparar-se para agitar os próximos anos do ténis mundial prometem ser motivos mais do que suficientes para não deixar de seguir o mais importante torneio português, este ano com transmissão na TVI24 e nos vários canais digitais da Media Capital.

No dia em que arranca o quadro principal da 29.ª edição do único torneio ATP realizado em Portugal, o Maisfutebol apresenta-lhe dez nomes que não deve deixar de seguir com atenção.

 

Pablo Carreño Busta: é o grande alvo a abater. Venceu o torneio no ano passado sem ceder qualquer set e foi finalista vencido na edição de 2016. Aos 26 anos, é número 2 de Espanha – atrás, claro está, do líder da hierarquia Rafael Nadal. O pó de tijolo é a superfície onde apresenta maior regularidade, apesar de só um dos três títulos ATP que ostenta terem sido ganhos nesta superfície.

Stefanos Tsitsipas: aterra em Portugal dias depois de ter atingido a primeira final ATP da carreira, tendo-se tornado no primeiro grego desde 1973 a cheirar um título do circuito profissional. Caiu na final diante de Rafael Nadal, mas deixou pelo caminho, com vitórias em dois sets, o top-10 Dominic Thiem e Pablo Carreño Busta, detentor do título no Estoril. Dotado de esquerda a uma mão – pancada cada vez mais rara – é um dos rostos da chamada «Next Generation» e apenas um de dois sub-19 dentro dos 100 melhores do mundo: melhor do que ele só o canadiano Denis Shapovalov, outro nome a ter em conta para os próximos anos. Abre o Millennium Estoril Open com o espanhol Pablo Andujar e está em rota de colisão para a 2.ª ronda com o sul-africano Kevin Anderson, finalista da edição de 2017 do Open dos Estados Unidos e cabeça-de-série número 1.

 

Kevin Anderson: ocupa, aos 31 anos, o melhor ranking da carreira (8.º). O pó de tijolo não é propriamente a praia dele – os quatro torneios ATP que venceu foram todos em piso rápido e só uma das 16 finais da carreira foram realizadas nesta superfície – mas não pode ser descartado da luta. É o primeiro cabeça-de-série e tem no serviço um trunfo de peso que o pode ajudar a resolver muitos problemas e a chegar longe.

Frances Tiafoe: tem 20 anos e é um dos tenistas em quem os norte-americanos depositam mais esperança para os próximos anos. Procura dar corpo ao sonho americano, ele que é filho de um imigrante da Serra Leoa que se tornou chefe de manutenção de uma academia que ajudou a construir antes da viragem do século. No último ano solidificou-se no top-100 e deu que falar no ano passado ao forçar Roger Federer a um quinto set no Open dos Estados Unidos. Venceu já este ano o primeiro título ATP da carreira (Delray Beach), onde deixou pelo caminho Denis Shapovalov, Hyeon Chung e Juan Martin del Potro. Haverá melhor cartão-de-visita?

 

Kyle Edmund: o mau momento de Andy Murray permitiu-lhe ascender ao estatuto de número 1 britânico. Foi um dos tenistas em melhor forma no arranque do ano, surpreendendo ao atingir as meias-finais do Open da Austrália. Apesar de vir de um país sem grande tradição na terra batida, sente-se cómodo nesta superfície, onde atingiu a única final ATP da carreira já este mês. Estreia-se na segunda ronda, onde espera o vencedor do embate entre Gastão Elias e o australiano Alex de Minaur.

Gilles Simon: aos 33 anos está longe do nível que evidenciou no final da década passada, altura em que figurou no top-10 durante cerca de um ano e chegou a bater tenistas como Federer, Nadal e Djokovic. Abre o torneio diante de Pedro Sousa, um dos portugueses em melhor forma durante boa parte de 2017, e é um nome a ter em conta caso evidencie a solidez de fundo do court que o caracterizou em tempos. É o tenista mais premiado entre todos os que vão participar no quadro de singulares: soma 13 títulos ATP, cinco deles em terra batida.

Daniil Medvedev: com 22 anos, é o número 3 russo na hierarquia e conquistou este ano o primeiro título ATP da carreira, em Sidney, Austrália. Está longe de se sentir como um peixe na água na superfície do pó de tijolo – prefere relva – mas tem recursos para dificultar a vida a João Sousa na primeira ronda. Apesar da juventude, já apresenta alguns episódios pouco felizes no circuito: em 2016 foi desqualificado de um encontro com Frances Tiafoe depois de uma tirada racista e no ano passado, em pleno Wimbledon, abriu a carteira e atirou moedas em direção da árbitra portuguesa Mariana Alves, que acusou de ter favorecido o adversário que o derrotou na 2.ª ronda do torneio que abriu com uma vitória sobre Stan Wawrinka. Já este ano quase chegou a vias de facto com Tsitsipas em Miami.

 

João Sousa: por incapacidade ou por acusar a pressão de jogar em Portugal, o melhor tenista português de sempre nunca conseguiu vencer qualquer encontro neste torneio. Depois de ter vivido um ano de 2017 abaixo das expectativas, tem-se apresentado mais consistente nesta primeira metade da época, com especial destaque para o desempenho no Masters 1000 de Indian Wells em março, onde chegou à 3.ª ronda e eliminou, pelo caminho, o alemão Alexander Zverev. Os desempenhos em torneios nesta superfície – onde jogou quatro das nove finais da carreira e chegou às «meias» recentemente em Marrocos - dão-lhe crédito para acreditar que pode repetir a proeza de Frederico Gil, que chegou à final do Estoril Open em 2010, ainda no Jamor. Não teve, no entanto, um sorteio acessível: abre com Daniil Medvedev – uma das grandes promessas do ténis russo – e está na mesma metade do quadro do cabeça-de-série número 1 Kevin Anderson.

Gilles Muller: exímio no jogo de rede, consegue transportar essa característica para uma superfície onde as pancadas do fundo do court predominam. No ano passado atingiu a final do torneio, numa época na qual exibiu o melhor ténis da carreira e venceu dois títulos. Prestes a completar 35 anos, é um dos tenistas mais experientes do circuito. Por ser quarto cabeça-de-série, entra em ação na segunda ronda, onde espera pelo vencedor do duelo entre os norte-americanos Frances Tiafoe e Tennys Sandgren, que impressionou no Open da Austrália.

Lleyton Hewitt: está retirado da alta competição desde 2016 e a sua participação no torneio acaba por ser um acontecimento de exceção. Vai jogar pares ao lado do compatriota e protegido Alex de Minaur. É a oportunidade para ver em ação em Portugal um antigo número 1 mundial. A última vez que tal aconteceu foi em 2010 (Roger Federer), quando o torneio era jogado no Jamor.