Este texto, assumo-o, é pura perda de tempo.

Pelo menos é essa a sensação que me provoca. Sei que escrevê-lo talvez irrite meia dúzia de pessoas, mas só isso. No entanto, nada dizer seria considerar normais os incidentes na Luz.

Antes do clássico, a polícia montou mais uma grande operação de segurança. Quem vê com distanciamento pergunta: faz sentido organizar espectáculos desportivos nestas condições? É evidente que não, algo está profundamente errado em tudo isto. Aos 42 anos, ainda sou do tempo em que se ia ao futebol em paz, sem dramas e sem polícia de intervenção. Agora aquele aparato parece fazer parte da coisa, como se houvesse um encontro antes, que se joga nos parques de estacionamento e no acesso às portas. E outro depois, com uns tipos de calções.

Esta forma de estar no futebol é recente (no sentido em que são recentes coisas com dez, vinte anos) e só sucede porque a tensão entre os principais clubes tem sido alimentada.

O discurso dos dirigentes desportivos e a violência dos adeptos estão relacionados. E já passou tempo de mais sem que um e outra fossem devidamente punidos.

Neste ponto, dou razão ao responsável da Polícia de Segurança Pública que lamentou, antes do encontro, que nada suceda aos adeptos detidos nos estádios. Na semana seguinte lá estão eles, outra vez, a provocar a polícia, a atirar pedras e bolas de golfe. Assim se polui o futebol e se acentua a imagem, de resto real, de que os estádios são locais de frequência duvidosa e perigosa.