A figura:Cardozo

A lei atirou-o para o banco, mas o Tacuara saltou para o clássico a tempo de o resolver. A nacionalidade obrigou Nélson Oliveira a jogar de início, fruto das regras da prova. Jesus guardou Cardozo, mas não abdicou dele. Na única oportunidade que teve, demonstrou porque é que, desde Fernando Santos, todos os treinadores na Luz apostaram nele. Apontou o 3-2, num lance em que fugiu a Mangala e bateu Bracalli com um remate certeiro, de pé esquerdo. Foi o sexto golo apontado aos dragões desde que chegou, o quarto em quatro jogos consecutivos, este a valer uma final.

Outros destaques

Witsel

Enorme coração e inteligência do belga ao serviço do meio-campo encarnado. Começou ao lado de Javi Garcia e foi dali que partiu para uma recuperação decisiva e que abriu o clássico, depois de Bruno César assistir Maxi Pereira. Esteve empenhadíssimo na luta do miolo. Não foi fácil debater-se com os elementos portistas, mas o contrário também é verdade. Mostrou atitude de campeão e, para além de puxar pela equipa, puxou pelo público da Luz. Este clássico passou muito por ele.

Gaitán

Estava escrito que o clássico ia resolver-se pelo banco de suplentes. Cardozo foi o matador, mas a entrada de um Gaitán bem mais confiante ajudou. A assistência para o paraguaio foi inteligente. Só quem vê no jogo coisas que mais ninguém consegue, faz aquilo. Mangala, por exemplo, nunca imaginou aquele passe. Mas o 20 foi mais que isso. Meteu garra em todas as ações e até, imagine-se, ganhou a Hulk, quando o brasileiro costuma ser implacável, no um para um.

Pablo Aimar

A cada bola parada, o argentino semeou terror na área portista. Esteve em quase todas: na primeira bola ao poste dos encarnados e na segunda, apontada por ele próprio. Claro que sentiu maiores dificuldades do que noutras noites, o adversário estava de olho nele, com Defour a tentar travar Aimar. Mas nunca se escondeu, procurou a bola, aberturas, tabelinhas, enfim, o habitual. Não foi brilhante, foi apenas regular. E isso em Aimar chega.

Hulk

Pânico na Luz na primeira parte. Hulk demorou uns minutos a aparecer no clássico da Taça da Liga, mas, quando o fez, mostrou os músculos e soltou toda a força. Não é argentino, não é nem Diego, nem Lionel, mas o respeito do Benfica foi quase igual. Dupla marcação em cima do Incrível, que quase sempre resolveu bem entre Nolito e Capdevila. Repita-se, em 45 minutos. Aliás, no 1-1, a sorte que o remate de Lucho teve, mereceu-a Hulk, com um trabalho a baralhar os dois espanhóis da ala esquerda encarnada. Estranhamente, desapareceu na segunda parte, e com ele, entre os 45 minutos e os 90, o FC Porto não foi o mesmo, apesar do rendimento de João Moutinho.

Mangala

Um golo, um duelo muito interessante com Nélson Oliveira e uma falha fatal. O francês continuou a saga de centrais portistas a marcar na Luz, depois de Maicon o ter feito no campeonato. Saltou mais alto que toda a gente e bateu Eduardo. Na outra área, jogou forte na marcação ao também jovem e possante avançado do Benfica. Usou muitas vezes o poder de antecipação, mas, perante um Cardozo mais lento, não percebeu nada da jogada e deixou que o passe de Gaitán chegasse redondo ao Tacuara, que faturou sem perdão. Entre o céu e o inferno.

Alex Sandro

Chegou a Portugal com este rótulo: bom a atacar, defeituoso a defender. Neste clássico da Luz, mostrou exatamente esses predicados. Foi muito ofensivo. Pela ala esquerda criou um corredor forte dos azuis e brancos, com Álvaro Pereira. Por aí, houve domínio portista no primeiro tempo. Mas Maxi e Bruno César também lhe deram enorme trabalho. O melhor exemplo é o 1-0. Houve muitos outros semelhantes desta aposta de Vítor Pereira.

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