Vitória diluviana, quatro golos e duas notícias para o FC Porto. Uma má, outra boa. A primeira esclarece que Ricardo Quaresma, apesar do excelente golo marcado, está ainda a meio gás; a segunda sugere que o mesmo Quaresma, a meio gás, é já o melhor extremo dos dragões.

É verdade que só após o Harry Potter sair, já o jogo estivera suspenso 33 minutos, os tricampeões nacionais foram capazes de chegar à goleada ao Penafiel. Nessa altura, porém, o relvado já parecia uma poça sem fundo e a força motriz substituía a arte e o encanto.

Jackson, inspiradíssimo, acrescentou mais dois pontapés mortíferos à conta pessoal (leva 18 na época e o primeiro surgiu após um extraordinário cruzamento de letra de Ghilas) e Silvestre Varela, no aproveitamento de uma barafunda na área do Penafiel, fechou as contas e deixou o FC Porto com mais um golo do que o Sporting, na luta direta pelo apuramento.

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Mas voltemos um pouco atrás, se nos permitem. Até ao minuto 52, quando o árbitro Duarte Gomes entendeu que a chuva e o vento tornavam impossível o trabalho dos 22 jogadores, a noite era de Ricardo Quaresma.

Além do golo marcado com a cabeça (!), tudo o que de bom o FC Porto tinha feito saíra do pé direito (duas ou três vezes já de trivela) do recém-chegado internacional português. Quaresma anda entusiasmado, como se fosse um adolescente no início de uma relação amorosa.

Quer abusar, explorar, ser o rei da festa. Quase tudo lhe sai bem. O estilo folclórico é conhecido, reconhecido e marcante. Quaresma impõe respeito ao oponente, retrai-o e aplica ao jogo uma dose de imprevisibilidade que este FC Porto desconhecia, até porque Kelvin pouco tem jogado.

Quaresma e Jackson: os heróis da noite


É importante dizer, para aumentar a relevância dos feitos, que este Penafiel não é uma equipa frágil. Como é o Atlético, vítima dos dragões na Taça de Portugal. Pelo contrário.

O Penafiel é uma equipa organizada, de futebol simples e capaz de ter a bola. Mesmo no Estádio do Dragão: clara candidata à subida de divisão.

Tanto assim é que Fabiano Freitas, de regresso após a bela atuação em Alvalade, teve de se mostrar num par de intervenções. O clube da II Liga deu qualidade ao jogo e só se ajoelhou quando as forças se afundaram na relva alagada.

O FC Porto está bem posicionado para seguir em frente na Taça da Liga e tem um Ricardo Quaresma empenhado em corresponder às expetativas. Para os dragões, a noite trouxe essas duas certezas.

O quadro de preocupações, agudizado pela derrota na Luz, fica para ser dissecado mais tarde.