Pepa, treinador do Tondela, depois do empate sem golos diante do Belenenses, no Estádio do Restelo, em jogo da 26ª jornada da Liga.

[Tinha dito na antevisão que tinha tido um grande gozo a preparar este jogo. Correspondeu às expetativas?]

- Deu-me um gozo enorme pelas dificuldades que sabíamos que íamos ter, pela forma como o Belenenses joga. Conseguimos condicionar o Belenenses. Na primeira parte, tivemos que ter muita paciência e definir bem as doses que tínhamos para pressionar, mas faltou-nos quinze metros. Começámos muito baixo e depois tivemos dificuldades em subir. Na segunda parte corrigimos. Subimos os tais dez/quinze metros, tivemos mais confortáveis e houve uma oportunidade flagrante para cada lado. Queríamos a vitória, mas acabámos por sair com um ponto que é importante na nossa caminhada. Nesta fase é muito importante pontuar. Entrámos encolhidos, entrámos mal, corrigimos, mas na segunda parte estevivemos muito melhor.

[Ganhou um ponto ou perdeu dois?]

- Ganhámos um ponto. Quando se ganha são três ou zero, mas nesta fase é preferível somar. Queremos olhar para cima, mas somos realistas e temos noção do nosso grande objetivo. A verdade é que temos estado a aumentar a distância para essa linha de água. É com esse espirito, com esta abnegação e rigor que temos de prosseguir. Mais um jogo sem sofrer golos, que também é importante. Encontrámos uma equipa que está numa fase muito boa e conseguimos criar mais dificuldades ao Belenenses do que nos últimos três jogos que eles tiveram. Parabéns ao Silas que está a fazer pontos e a fazer um bom campeonato.

[O Tondela está à beira dos trinta pontos, sente que está próximo de garantir a manutenção?]

- O que nós passámos o ano passado foi tão dramático que não vamos descansar um segundo. Estamos aqui por um golo. Naquele balneário, eu, os jogadores e o clube não temos espaço para relaxar. Há equipas muito competitivas que agora estão numa fase em que não ganham há quatro, cinco, seis jogos. Não sou negativo, mas pode-nos calhar a nós. Posso ir para o jogo descansado, mas relaxado não, é uma palavra que não existe no nosso dicionário. Sentimos na pele o ano passado e não queremos sentir o mesmo outra vez. Tempos de somar pontos.

[Como foi jogar contra este Belenenses com três centrais?]

- Falei na antevisão que na nossa cultura futebolística estamos habituados a jogar em 4x4x2 e 4x3x3. Uma equipa que jogue desta forma, se estiver bem trabalhada e sintonizada, torna-se aliciante desafiá-la. Era um desafio para todos nós, para os jogadores e equipa técnica. Conseguimos equilibrar e chegámos a estar por cima. Só posso estar satisfeito com a nossa resposta em termos táticos. Mas, mais uma vez, uma palavra para o Silas que já leva quatro jogos sem sofrer golos.

[Como explica a primeira parte em que o Belenenses foi claramente superior?]

- O Belenenses esteve melhor, teve mais bola. Não jogamos sozinhos e quando assim é, temos de dar valor ao adversário. Não foi falta de agressividade, não foi apatia.

[O Tondela escapou à despromoção na última jornada nos últimos dois anos. Como explica a tranquilidade este ano? Qual é o segredo?]

- São vários. O primeiro é apontarem-nos com o patinho feio da I Liga. Dizem sempre que a primeira equipa a descer é o Tondela. Isso a nós dá-nos aquela revolta interior que nos leva a trabalhar mais e mais. É também os jogadores, conseguimos manter o grupo da época passada. É um grupo que sabe sofrer e que está preparado para as dificuldades.

[Apoio dos adeptos foi importante?]

- Não sou muito de puxar o saco aos adeptos, mas hoje foram fantásticos. Pela distância que é... É fácil apoiar os clubes grandes, mas nós somos grandes. Depois de tudo o que aconteceu o ano passado, termos aqui estes adeptos a apoiar-nos é muito bom. Não é preciso serem muitos, é preciso serem bons e eles são muito bons.