Ricardo Carvalho foi o futebolista internacional (de campo) mais velho a representar uma seleção no ano de 2015 entre o grupo das melhores 50 equipas nacionais do ano, assim como a seleção portuguesa fica também colocada na metade das que têm as médias etárias mais altas.

Esta análise coloca também a seleção nacional na parte das que mais jogadores convocam no estrangeiro sendo que, no respeitante aos jogadores nascidos fora do país, a equipa portuguesa está no topo da respetiva classificação.

Estas são algumas das conclusões do primeiro relatório mensal para 2016 do CIES – Observatório do Futebol, publicado nesta terça-feira. O estudo – da autoria de Raffaele Poli, Loïc Ravenel e Roger Besson – abrange caraterísticas de 50 seleções de todos os continentes a partir do ranking FIFA em 2015 – um grupo composto por 32 seleções da Europa, seis da América do Sul, seis de África, 3 da Ásia e três América Central e do Norte.

O estudo englobou 1.785 jogadores. O México foi quem utilizou mais jogadores (58), como foi quem mais jogos fez: 23. Quatro seleções, em oposição, realizaram só sete jogos em 2015: Albânia (30 jogadores), Israel (25), País de Gales (26) e Croácia (27).

A Áustria foi a seleção que menos jogadores utilizou nos seus oito jogos: 24. Portugal convocou 45 futebolistas para 10 jogos sendo que Nani foi o que mais minutos jogou: 663. O benfiquista Samaris foi o que mais jogou na Grécia (716 minutos) e o portista Diego Reyes foi o mais utilizado pelo México: 1.350 minutos.

A média de jogos em 2015 das 50 seleções em apreço acaba por ser de 11 com uma utilização também média de 35,2 jogadores durante o ano. O futebolista mais utilizado em 2015, em absoluto, foi Michael Bradley, pelos Estados Unidos: fez 18 jogos com um total de 1.669 minutos.

A média etária dos jogadores utilizados pelas 50 seleções foi de 26,6. O valor mais alto está na Escócia (29) e o mais baixo está na Nigéria (24,7) – com o CIES a alertar para alguma incerteza na comprovação das idades conseguida no que respeita a alguns países. As seleções europeias mais jovens foram a Inglaterra (qualificada para o Euro 2016 só com vitórias) e a Holanda (que nem sequer conseguiu disputar o play-off do apuramento).

Média etária dos jogadores internacionais (entre topo e baixo da classificação):
Nigéria: 24,7
Gana: 25,1
Camarões: 25,3
Inglaterra: 25,6
Holanda: 25,6
...
Portugal: 28,4
...
Rússia: 28,7
Ucrânia: 28,7
Hungria: 28,7
Eslovénia: 28,7
Escócia: 29

No conjunto das 50 seleções, os jogadores com menos de 22 anos fizeram apenas 6% dos minutos. Entre os 22 e os 25 anos, os internacionais jogaram 32,5% do tempo das partidas, mas é na faixa etária seguinte em análise no estudo – entre os 26 e os 29 anos – que mais minutos foram jogados: 39%. Os futebolistas a partir dos 30 anos fizeram 22,5% do tempo de jogo.

Nesta lista de 50 equipa nacionais, a Itália e a República Checa não utilizaram jogadores com menos de 22 anos. Camarões (20,5%), Turquia (19,6%), Inglaterra (19,2%) e Nigéria (19%) foram os recordistas dos sub-22. Com mais utilização de futebolistas acima dos 30 anos estão a Eslováquia (42,7%) e o Brasil (41,1%) tendo o Gana (3,2%) e a Nigéria (3,1%) por opostos. Entre estas duas tabelas (não exaustivas), Portugal aparece na dos mais de 30 anos: 36,9%.

Entre o mais novo e o mais velho dos 1.785 futebolistas há uma diferença de 22 anos (reportada às alturas em que jogaram com as respetivas menor e maior idade). O mais novo internacional em 2015 foi Cristian Manea, da Roménia, que entrou em campo com 17 anos e 6 meses. O mais velho foi o húngaro Kiraly, aos 39 anos e 7 meses. Excluindo os guarda-redes (um caso especial no prolongamento da atividade), o mais velho jogador de campo foi – como se disse no início – Ricardo Carvalho: com 37 anos e 4 meses, no Portugal-Dinamarca de 8 de outubro.

Jogadores internacionais mais novos:
Cristian Manea (Rom): 17 anos e 6 meses
Enes Unal (Tur): 17 anos e 10 meses
Breel Embolo (Sui): 18 anos e 1 mês

Jogadores internacionais mais velhos:
Gabor Kiraly (Hun), 39 anos e 7 meses
Roy Carorll (IrN), 38 anos e 1 mês
Gianluigi Buffon (Ita), 37 anos e 9 meses
Ricardo Carvalho (Por), 37 anos e 4 meses

O estudo do CIES analisa também a percentagem de jogadores em clubes fora do país sob duas perspetivas. Em relação a um critério geográfico, fica a saber-se que, em média, 68,9% dos minutos feitos por cada seleção foram jogados por jogadores no estrangeiro. E que só em 12 seleções a percentagem é inferior a 50%. No final desta classificação está a Inglaterra que não teve qualquer estrangeiro utilizado – e a Rússia quase que também não.

Percentagem de minutos jogados por seleção pelos seus futebolistas no estrangeiro (entre topo e baixo da classificação):
Bósnia-Herzegóvina: 100%
Irlanda do Norte: 100%
Senegal: 100%
Costa do Marfim: 99,7%
Uruguai: 98,6%
...
Portugal: 61,5%
...
Itália: 24,3%
Turquia: 18,2%
Ucrânia: 8%
Rússia: 0,7%
Inglaterra: 0%

No que respeita ao estatuto da liga de origem como critério, o CIES destaca que quase metade dos jogadores utilizados pelas 50 seleções jogam nas cinco principais liga europeias (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França): 46,4%. Com Suíça e Bélgica somadas às seleções daqueles países, são sete as equipas nacionais que têm 80% ou mais de jogadores naquelas ligas. O Irão foi a única seleção das 50 que não utilizou jogadores das «big-5», enquanto a Inglaterra só utilizou jogadores da Premier League. A seleção portuguesa utilizou uma percentagem de 39,6 de jogadores nas «big-5».

Quanto aos jogadores de cada seleção nascidos fora do país, estes representam 11,3% dos internacionais utilizados em 2015. Argélia e Albânia estão em destaque sendo que a seleção africana teve nas suas equipas 21 jogadores nascidos em França e a europeia dispôs de 17 nascidos fora do país, desde a Suíça até à Noruega. Portugal integra o «top 5» desta tabela.

Percentagem de minutos jogados por seleção pelos seus futebolistas nascidos no estrangeiro (entre topo e baixo da classificação):
Argélia, 77,4%
Albânia, 63,9%
Suíça, 41,7%
Portugal, 32,8%
Escócia, 32,8%
...
Brasil, 0%
Colômbia, 0%
República Checa, 0%
Irão, 0%
Israel, 0%
Roménia, 0%
Rússia, 0%
Sérvia, 0%

Nesta análise do instituto suíço que inclui ainda um parâmetro sobre alturas e pesos fica a saber-se que a seleção portuguesa teve uma média de altura de 180,5 centímetros; abaixo dos 181,9 centímetros da média entre as 50 equipas nacionais em análise. E, como última curiosidade, fica revelado que a seleção mais baixa em 2015 foi a do Chile, com 175,6 centímetros de média de altura... e uma Copa América no bolso.