Se é dos que acha que um bom guarda-redes deve ter algo de louco, é provável que comece desde já a olhar de lado para Andrés Fernández.

O reforço do FC Porto não encaixa no estereótipo supracitado. Tudo na sua vida e nas suas palavras revela serenidade e equilíbrio.

Andrés Fernández é budista e encontra na religião a paz de espírito necessária para ser feliz. Em várias entrevistas falou abertamente sobre essa convicção inabalável.

O Maisfutebol recupera trechos dessas conversas, publicadas em março de 2012 e em janeiro de 2014, nos jornais AS e Notícias de Navarra, respetivamente.

«Era pequeno e notei que, no meu dia a dia, era feliz quando via que os outros também o eram (…). Cresci e descobri que o budismo conceptualizava as coisas que eu imaginava. A minha mãe e irmã tornaram-se budistas antes de mim, deram-me livros e conselhos».

E tudo começou com JAVI GARCIA (e o pai): «Andrés é um fenómeno»


«Filosofia ou religião? Depende do que cada um entende por religião (…). É fácil ver cristãos a fazer o que um cristão não deve fazer ou um muçulmano a não fazer nada o que indica o Islão. O budismo para mim é uma mescla entre religião e filosofia, e sobretudo uma forma de crescer por dentro. Um modo de conseguir tranquilidade para entender a tua própria situação pessoal».

«Com o budismo conheço-me mais e sou melhor guarda-redes. Somos nós que dominamos ou permitimos que as situações nos superem. Aplico isso na baliza. Permite-me conhecer, sem agressividade, mantendo a calma, sem entrar no jogo dos outros».

Não é surpreendente, por isso, que os ídolos de Andrés Fernández sejam personagens tão marcantes como Gandhi, Madre Teresa de Calcutá, Nelson Mandela ou o Dalai Lama.

No futebol, Andrés sempre admirou «Casillas e Molina», dois colegas de posição. E o auto-retrato é pintado da seguinte forma: «preocupo-me em sair bem da baliza, por fazer bem o golpe com os punhos, por subir bem. Sou muito auto-exigente».

Marcados na história nos relvados estão dois jogos infelizes. Andrés sofreu uma vez oito golos do Barcelona (17 de setembro de 2011) e pouco depois sete do Real Madrid (6 de novembro de 2011).

«Primeiro pensei que eu era muito mau. A frio, mais calmo, analisei e levantei-me. Ser goleado não significa que sejas mau. Foram noites de aprendizagem».

Andrés Fernández a sofrer oito golos no Camp Nou:


Barcelona 8-0 Osasuna
por goalsarena2011