A figura: Sissoko

O 3 dos estudantes é movimento da cabeça aos pés. Deve ser desconcertante para um defesa apanhá-lo pela frente, qual leão solto na savana. Mais mexido do que ele na partida só mesmo o seu saltitante cabelo. Que o diga Maicon: se já não bastasse a chuva, o marfinense ainda tratou de fazer a cabeça em água ao adaptado lateral-direito. No lance do primeiro golo realce para a forma felina como fez a recepção, isolando-se, para fazer um cruzamento que Marinho só teve de empurrar. O jovem africano (20 anos) não deverá ficar muito mais tempo em Coimbra. Deixou de ser aquele jogador com bons momentos, mas pouco objectivo, para surgir agora a jogar simples e eficaz.

O momento: 2-0

Foi uma espécie de 2 em 1. A confirmação de que o Dragão iria sair da Taça de Portugal e o veridicto para uma das mais infelizes opções de Vítor Pereira: Maicon como lateral-direito. Culpados, os dois, obviamente. A forma como o brasileiro preferiu reclamar falta e deixar Hélder Cabral isolar-se para assistir Adrien não tem perdão. Sobretudo quando já tinha deixado passar Sissoko no primeiro golo.

O injustiçado: João Moutinho

Surgiu no Estádio Cidade de Coimbra revitalizado pela vitamina que trouxe da selecção. Na primeira parte foi o melhor (único?) jogador azul e branco em campo. Tentou lutar contra a apatia que se apoderara dos colegas, mas sozinho era difícil, e acabou infectado letargia colectiva. Na segunda parte, desapareceu por completo até ser substituído.

Outros destaques:

Éder

Não foi fácil ver o luso-guineense perder um lance para os centrais do F.C. Porto. Até parecia uma tarefa simples segurar a bola de costas para a baliza e esperar que um colega aparecesse. No lance do golo inaugural é ele quem ganha a bola que depois sobra para Sissoko assistir Marinho. Quando chegou a hora de decidir é que o goleador dos estudantes revelou maiores dificuldades, e acima de tudo, a falta de confiança que explica que não faça o gosto ao pé há dois meses. Dois exemplos: primeiro tentou o lance individual quando tinha Marinho solto na direita; pouco depois surgiu perante Bracalli, mas permitiu o corte de Álvaro Pereira. Redimiu-se com a assistência para o golo de Diogo Valente.

Ricardo

Mostrou-se muito seguro durante a segunda parte. E o elogio não se estende ao primeiro tempo porque, valha a verdade, o adversário não fez um único remate nesse período. A vitória estudantil começou a ser construída na solidez demonstrada pelo guardião a remates de Hulk (três) e Fernando. Deixou claro a Pedro Emanuel e a toda a equipa que podem contar com ele. Estará a titularidade de Peiser ameaçada?

Marinho

Começou por mostrar vontade, tentando aproveitar o mínimo erro da defesa portista, mas passou das ameaças aos actos quando percebeu as intenções de Sissoko e tratou de colocar-se à jeito para empurrar a bola, como toda a facilidade, para o fundo da baliza de Bracalli.

Adrien

Cresce a olhos vistos em Coimbra. Agora na posição 10, deu vida ao ataque estudantil, começando por calibrar o remate através dos livres, mas foi graças a um passe de morte de Hélder Cabral que brilhou mais alto. Um golo amplamente merecido e que lhe assenta muito bem.

Pape Sow

Jogo irrepreensível do senegalês, primeiro tampão às investidas portistas e com tanta dinâmica que, além de cortar de forma limpa, ainda conseguiu servir os companheiros da frente a preceito. Na retina ficou um passe longo para Éder que o colega só não transformou em golo porque se deixou anteciopar por Alvaro Pereira.