A figura: Cardozo

Nã há dúvidas: já é uma figura histórica dos dérbis. Leva 12 golos em jogos com o Sporting (o Maisfutebol atribui apenas dois ao Tacuara, no último 1-3 em Alvalade) e leva mais um hat-trick para casa. Pelas nossas contas, é o primeiro a consegui-lo depois de João Vieira Pinto após o 3-6. Claro que há quem argumente que naquele 1-3 já citado fez um hat-trick, mas Cardozo quis mesmo suceder ao antigo 8 da Luz e 25 de Alvalade. Ora, com dúvida começou, porém, o dérbi do Tacuara. Substituído em Atenas, foi diagnosticado com uma entorse. Em dúvida ou não,
bluff ou não, o Sporting estava preparado para que jogasse, como afirmou Leonardo Jardim. Só não estaria tã pronto para a eficácia do Tacuara. Fez o 1-0 num livre inteligente, como já tentara marcar a Helton no Dragão, por exemplo, no último clássico. Depois, voou para um cabeceamento milimétrico. Se não fosse por ali, a bola não tinha por onde passar. Por fim, um último golo. Há linhas amarelas na televisão que mostram que partiu de posição irregular. Mas com todo o passado que tem em Portugal, com todo o historial que tem em dérbis e com os dois golos que já levava, merecia maior consideração de uma defesa que o deixou escapar para um pontapé fulminante e que meteu o Benfica por cima no dérbi. Teve outras ocasiões, mas pode pedir-se mais a quem marca três golos num jogo frente ao rival?

Pontos positivos e negativos : No dérbi de Alvalade, para o campeonaro, André Martins fugiu demasiadas vezes do meio para as costas do lateral-esquerdo, nesse dia Cortez. A estratégia de Jorge Jesus não permitiu isso desta vez. Com Enzo Pérez, Ruben Amorim e Matic em campo, o sérvio encostou em André Martins, retirou-o do jogo e, quando o 8 do Sporting fugia para a esquerda havia sempre equilíbrio, com Garay muito atento na cobertura e nunca apanhado em um para um. No negativo, o Benfica continuou a sofrer golos de bolas paradas. Um canto e um livre. Curioso também que após o 3-2 de Maurício, a equipa da Luz tenha mudado o modo de marcação nos cantos. Boas as entradas de Lima, sobretudo, mas também de Cavaleiro.


Outros destaques

Gaitán

Mais uma vez com lances de génio num grande jogo. Toques especiais, em habilidade, como poucos no nosso futebol conseguem. E visão de jogo. Aquele cruzamento para o 2-1 é fantástico. O modo como Gaitán corre para a bola é todo um projeto. O Tacuara está lá ao fundo, Gaitán percebeu que precisava de ganhar ângulo para meter o pé esquerdo assim e dar o golo ao paraguaio. Nos primeiros tempos de Luz, parecia um jogador frágil em termos físicos, daqueles brilhantes com a bola, pouco agressivos sem ela. O tempo e o Benfica mudaram-no. Aguentou o jogo todo, num esforço tremendo, em saídas para o ataque e em fechar caminhos. Assim que soou o apito final, caiu no relvado. E foi para ele que Jesus correu assim que se ouviu o som da vitória.

Ruben Amorim

Enquanto houve o camisola 6 do Benfica em campo, o dérbi foi vermelho. Ruben Amorim voltou a ser titular depois de Atenas, onde agarrou o lugar. Começou por fazer uma marcação impediosa a Adrien. Só por aí, a importância de Amorim foi grande, ao retirar organização ao ataque leonino, um pouco perdido sem Adrien. Mas Ruben Amorim também foi um líder. Puxou pelos colegas, deu indicações de como se devia jogar no miolo. Foram muitas as vezes em que se viu o 6 gesticular, gritar mesmo, para Enzo e Matic. Saiu lesionado, depois de, não podia ser de outra maneira, um choque brutal com Adrien. O leão ficou, Ruben Amorim viu o azar bater-lhe à porta outra vez.

Matic

Um monstro de força. Com a ajuda de Ruben Amorim e Enzo não precisou de correr tanto. Teve como primeira missão não deixar jogar André Martins e conseguiu-o. Mas foi na segundaparte e no prolongamento que o velho Matic reapareceu. Quando o Benfica caía em força, o sérvio ainda a tinha. Impressionante a correr o meio-campo, à esquerda, à direita, atrás, à frente. Não estivesse ele com esta frescura física e o leão tinha-se imposto na partida. Matic não o permitiu e até aparaceu na área, numa arranca pela direita, no prolongamento. O dérbi é feito por jogadores deste tipo, que nunca desistem por maiores que sejam a adversidade. Um pouco como Adrien, diga-se (ver destaques do Sporting)

Lima e Ivan Cavaleiro

Substituições importantíssimas. Comecemos pelo português. Até foi discplicente nas primeiras intervenções, mas depois corrigiu-se. Apareceu veloz na transição numa fase em que o jogo estava partido, obrigou Patrício a uma defesa enorme e foi um perigo quando havia espaço nas costas da defesa leonina. Importantíssimo foi também Lima. O brasileiro ficou guardado no banco para a última substituição, trouxe força e rapidez. Meteu o corpo, batalhou com os centrais numa altura em que Cardozo já dava sinais de fraqueza. Assistiu Ivan Cavaleiro para uma grande oportunidade e, a com Lima em campo, o Sporting nunca mais conseguiu descansar.