Um Cova da Piedade heróico, de uma alma imensa, só caiu nas grandes penalidades. A equipa do Campeonato Nacional de Seniores bateu-se de forma brilhante frente ao Gil Vicente, soube tirar proveito das condições do terreno, e conseguiu segurar o nulo durante 120 minutos, até que Caleb fez a diferença.

O termo «segurar o nulo» até pode ser excessivo, tendo em conta que a equipa visitante, obviamente favorita, nunca conseguiu encostar o adversário às cordas. O Cova da Piedade nunca foi pior. Reduzido a nove elementos, foi a equipa da Liga que teve de segurar o jogo no prolongamento. Se o Cova da Piedade tivesse seguido em frente não seria nenhuma injustiça. Saiu de campo debaixo de grande ovação. Merecido. Não ganha o rótulo de «tomba-gigantes» mas merece rasgados elogios.

A vantagem do terreno

Com maior conhecimento dos prós e contras de um campo sintético e de dimensões algo reduzidas, o Cova da Piedade conseguiu, na fase inicial, evitar uma entrada forte de quem assumia natural favoritismo para a eliminatória.

A equipa da casa fez mais do que isso, até. Conseguiu levar o jogo para perto da baliza defendida por Caleb, primeiro com relativo perigo, depois a assustar mesmo.

Aos 13 minutos, por exemplo, o Cova da Piedade não chegou a rematar, mas nãp fosse o corte de cabeça de Leandro Pimenta, no coração da área, e o Gil Vicente podia ter ficado em desvantagem.

Consoante o jogo se ia aproximando do intervalo também o Cova da Piedade se aproximava do golo. Sandro Vicente foi o protagonista da melhor ocasião do primeiro tempo, a cinco minutos do descanso, com um remate já do interior da área que não passou longe do poste. Pontaria ligeiramente desafinada teve também Hugo Rosa, logo a seguir, quando tentou a sorte de longe.

As oportunidades de golos surgiam quase sempre de bola parada, como seria de esperar, e foi assim também que o Gil Vicente criou a única ocasião de perigo da etapa inicial, com Danielson a cabecear ao lado após canto na direita (20m).

No início da segunda parte, aí sim, o Gil Vicente puxou dos galões, e atirou logo duas vezes ao poste. Primeiro por Simy, depois por Avto, aproveitando um erro do guarda-redes do Piedade a jogar com os pés.

A equipa da casa sentia mais dificuldades para controlar o jogo mas não deixava de procurar o golo. Aos 57 minutos voltou a estar perto do golo, com Sandro Vicente a colocar a bola rasteira, à boca da baliza, mas Jessy a chegar tarde para o desvio.

As expulsões a compensar o desgaste físico

À medida que o cronómetro avançava a capacidade física do Cova da Piedade ia ressentido-se, e nos instantes finais da 2ª parte o Gil Vicente teve mais espaço para jogar. À equipa da casa valeu então o guarda-redes João Marreiros, com duas grandes intervenções a negar o golo ao recém-entrado João Vilela (82m).

O normal seria o Cova da Piedade acusar o esforço no prolongamento, mas ainda antes disso veio uma boa notícia para a equipa treinada por Sérgio Boris, com Avto a ver o segundo cartão amarelo e a deixar o Gil reduzido a dez elementos (90m).

A situação da equipa visitante complicou ainda mais ao minuto 113, com Vítor Vinha a ver também o segundo cartão amarelo. Antes já Caleb se tinha aplicado para evitar um golo de Dieb (107m).

A um minuto do fim também um jogador da casa foi expulso, Rosa, e o Gil Vicente aproveitou para, na última jogada do desafio, atirar ao poste, por Paulinho. 

Mas antes tinha sido Caleb a negar o golo à equipa da casa, em dose dupla, e de forma brilhante. O guarda-redes australiano foi absolutamente decisivo neste momento, e depois no desempate da marca de grande penalidade, ao defender dois remates da marca de onze metros.