O FC Porto segue em frente na Taça do Portugal após operar uma reviravolta frente ao Estoril (2-1). A formação visitante foi superior na etapa inicial mas não conseguiu anular a resposta convincente dos dragões na segunda metade da partida. Ghilas marcou o seu primeiro golo na equipa principal do FC Porto e resolveu a questão. Encontro marcado com o Benfica.

Evitou-se a sensação de desconforto mas as interrogações perduram. O Dragão acorda com entusiasmo. Refresca-se, veste um fato à medida, prepara-se para um dia com sabor a vitória. Apresenta-se no local de trabalho com energia, disposto a mostrar a sua melhor face.

A boa vontade não chega. Em pouco tempo, deixa-se abater por ligeiros sobressaltos, as pequenas coisas que não lhe saem bem, à primeira. Transforma-se, deixa de acreditar em si mesmo e passa até a sentir-se mal na sua própria pele.

Naqueles momentos, precisa de um abanão, da capacidade de encaixe e improviso. Precisa de sentir que o fato está mesmo à medida, não que o sufoca e prende os seus movimentos. Precisa de reagir num ápice, antes que mais um dia passe e fique a sensação de que o Dragão anda de mal com a vida.

Paulo Fonseca muda unidades sem abdicar dos seus princípios. Saíram Lucho González, Izmaylov e Otamendi, perdeu-se Fucile, lesionou-se Fernando, agora Carlos Eduardo. Mais uma dor de cabeça.

Frente a um Estoril bem estruturado, a esbanjar confiança, a equipa de Paulo Fonseca não foi além de 10/15 minutos de entusiasmo.

Em pouco tempo, resistindo à pressão inicial, a formação da Linha encontrou falhas para explorar. Desde logo, aproveitando a notória falta de confiança de Diego Reyes. O jovem central mexicano abriu caminho para uma flagrante oportunidade de Sebá, valendo Fabiano a negar o golo com um subtil desvio.

O lance ditou uma mudança de comportamentos. O FC Porto perdeu o controlo emocional, sentiu-se desconfortável, convidou o adversário ao atrevimento. Perto da meia-hora, um passe soberbo de Yohan Tavares lança a corrida de Babanco. Reyes perdeu na luta corpo a corpo. Grande toque do esquerdino à saída de Fabiano, golo do Estoril.

Longe vai o tempo em que os dragões sofriam um golo em casa e soava a escândalo. Era, aliás, algo esperado pelos próprios adeptos. Pouco depois, os Super Dragões apresentavam a faixa preparada para a eventualidade: «Será que estamos a ser Porto?»

Não estavam, de facto. O primeiro remate azul e branco surge ao minuto 36, por Ricardo Quaresma. Aliás, quase tudo girou em torno do extremo resgatado neste mercado de inverno.

Seria Quaresma, em cima do intervalo, a restabelecer a igualdade. Hector Herrera libertou-se do colete de forças e improvisou. Surgiu na frente, tabelou com Jackson e cruzou para o coração da área. Vagner falhou e a bola sobrou para o internacional português. 1-1, tudo em aberto.

Paulo Fonseca voltava com o mesmo plano. Aquele duplo pivôt que não se entende, Josué sem espaço e longe de Jackson, os extremos colados ao flanco, sem apoio. O FC Porto preso ao seu fato e gravata, desconfortável, rotineiro.

Com uma hora de jogo, após a primeira mudança por opção técnica (Varela substituiu um inconsequente Licá), o Dragão começou a dar sinais de vitalidade. Estava a despertar, já o dia ia longo, prometendo resolver a questão até ao final do dia de trabalho.

Herrera aparece novamente em terrenos adiantados, onde se sente melhor. Não faz sentido de outra forma. Desta vez, fura pela direita e a bola termina nos pés de Jackson. Surge o primeiro remate (!) do colombiano no encontro, o primeiro canto para o FC Porto.

O Estoril vai recuando. Percebe que não tem argumentos para lutar com o melhor dragão. O público volta a acreditar. A seis minutos do final, com o prolongamento à vista, Paulo Fonseca troca o cansado Quaresma por Nabil Ghilas.

Ghilas, a solução de recurso para as ocasiões, não mais que uns instantes de cada vez, conseguiu desta feita aproveitar o pouco tempo que lhe foi dado. Insistência de Alex Sandro pela esquerda, Jackson a chegar atrasado e o argelino a fazer o desvio ao segundo poste. Primeiro golo na equipa principal do FC Porto, mais um obstáculo ultrapassado, mais dúvidas para esclarecer num futuro próximo.