Gigante de palmo e meio, implacável e decisivo. Caetano apareceu na hora certa e pôs o Paços de Ferreira nas meias-finais da Taça de Portugal. Um golo no derradeiro suspiro do jogo deixou o Gil Vicente de rastos, depois de os de Barcelos terem empreendido uma recuperação de contornos épicos.

O prolongamento justificar-se-ia, pela boa exibição dos visitantes, mas uma vez mais os homens da Mata Real não vacilaram e cumpriram o que deles se esperava. Não foi tarefa fácil, longe disso, pois a resistência do Gil superou as melhores expetativas.

O início até correspondeu às escrituras da antevisão. Um Paços de Ferreira poderoso, seguríssimo na circulação de bola e a empurrar o Gil Vicente para o seu canto. Como se fosse um boxeur agachado, a proteger o abdómen e a encolher a cabeça.

Josué e Vítor faziam coisas prodigiosas, a bola não largava o meio-campo gilista e o golo, aliás o autogolo, surgiu com uma naturalidade espantosa. Josué cobrou um livre na direita, Yero fez-se disparatadamente à jogada e cabeceou sem dar hipóteses a Adriano. Na baliza errada, está bom de ver.

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Ora, o que se seguiu contrariou radicalmente tudo o que seria de prever. O Gil Vicente tomou conta da ocorrência, ganhou um ascendente tremendo sobre o Paços de Ferreira e ameaçou por mais do que uma vez a baliza de Cássio.

O que terá acontecido aos castores? Em casa, a vencer, contra um oponente de menor qualidade, os homens de Paulo Fonseca pareceram assombrados por qualquer receio indecifrável. Defenderam com alma, sim, mas em aflição. Sofreram, sofreram e nem o intervalo lhes valeu.

A queda vertiginosa foi relativamente amparada por uma reentrada em jogo mais positiva, é certo, só que o Gil Vicente continuou a sentir-se superior. Tão superior que resistiu, mais tarde, a um falhanço escandaloso de Yero e à expulsão (justa) de Éder Sciola.

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Os galos, emproados como raras vezes se viu esta época, tiveram um super-João Vilela e chegaram mesmo ao 1-1. Canto de César Peixoto na direita e cabeceamento do próprio Vilela, perante a estupefação de todos os pacenses. Faltavam 17 minutos para o fim do tempo regulamentar.

Surpreendido pela pancada da frustração, o Paços tentou salvar-se a tempo. Reassumiu as rédeas do jogo, passou a explorar os flancos com Hurtado e Caetano e, por minutos, o jogo prometeu fugir ao prolongamento.

Prometeu e cumpriu. Por culpa do tal gigante de palmo e meio. Bravo, Caetano.