Festa bonita em Ponte da Barca, com um cenário repleto de montanhas imponentes, um estádio aprumado mas ainda dependente do saudoso peão. Uma única bancada, tudo o mais à flor da relva, espectadores e jogadores apenas separados por uma barra de ferro. Vitória natural da Académica (1-3), sem facilitismos. O golo de Arnaud serviu de prémio para os locais.
Foi neste retrato do Alto Minho que a Académica de Coimbra iniciou a defesa do título conquistado na época passada, no Jamor. Contraste tremendo com a imponência do Vicente Calderón, recinto que irá acolher a Briosa na próxima quinta-feira, para a Liga Europa.
Entre o Ponte da Barca e o Atlético de Madrid, Pedro Emanuel geriu emoções e procurou evitar o doseamento de esforços. «Quem pensar que vai para Ponte da Barca e não quiser meter o pé, a pensar em resguardar-se para quinta-feira estar nas melhores condições, se calhar nem viaja para Madrid», avisou o técnico no lançamento do encontro.
O discurso não surpreende. Aliás, é lugar comum entre os treinadores da Liga, antes de encontros desta natureza. Porém, quando definem o onze, colocam jovens, mexem demasiado e passam a mensagem errada aos seus jogadores. Pedro Emanuel não foi por aí. Mexeu algo sem descaracterizar a equipa.
A Académica entrou, assim, com a postura adequada e chegou ao golo com naturalidade. Já depois de um par de ensaios e uma bola ao poste, num momento infeliz de Vítor Nuno, Cleiton aproveitou um canto estudado para rematar com colocação e fazer a bola entrar junto ao poste.
A Associação Desportiva Ponte de Barca, campeão da Divisão de Honra da AF Viana do Castelo e, por isso, promovida este ano à III Divisão, demorou a entrar no jogo. Não conseguia equilibrar forças, nem sequer aproveitando a adaptação mais rápida ao terreno artificial.
O segundo golo era aguardado a qualquer momento e chegou logo após a meia-hora de jogo, por intermédio de John Ogu. Marinho levantou a bola por cima da defesa e o médio apareceu para fazer o resto.
Ponto final na questão? Parecia, pelo menos. O Ponte da Barca não rematara ainda à baliza do estreante Fábio Santos.
Porém, perto do intervalo. David Viana abriu caminho para o melhor jogador dos locais, o francês Arnaud, e este devolveu a esperança. O único estrangeiro da equipa da III Divisão fugiu de Júnior Lopes, passou pelo guarda-redes da Académica e fez o 1-2.
A festa propagou-se pelas bancadas, aliás pela bancada e pelo peão, mas soava a prémio de consolação para quem não teria forças para lutar por mais. É certo que o Ponte da Barca ainda balançou as redes contrárias, após o intervalo, com o lance a ser anulado por fora-de-jogo de Arnaud.
A Académica relaxara por momentos e sofrera no primeiro remate dos locais à baliza. Pedro Emanuel resgardou Marinho ao intervalo mas Ngal manteve a velocidade pelo seu flanco. Pouco depois, seria Cissé a entrar em campo, acabando por fazer o 1-3 ao minuto 78. Nesta altura, tinham-se esgotado as forças entre os homens do Ponte da Barca. Naturalmente.
FICHA DE JOGO:
Estádio Municipal de Ponte da Barca
Cerca de 1500 espetadores
Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto)
PONTE DA BARCA: Vítor Nuno; Morais, Ricardo Ribeiro, Hélder Brito e Jorginho (Paulo Silva, 74m); David Cortez, David Viana e Tiago Peixoto; Amaral (Ricardo Martins, 82m); Arnaud e Campinho ( Luis Freitas, 81m)
Suplentes não utilizados: Bruno, Serginho, Zé Francisco e Abel
Treinador: Zeca Tó
ACADÉMICA: Fábio Santos; Rodrigo Galo, Júnior Lopes, Flávio e Nivaldo; Cleiton, Keita e John Ogu; Afonso (Makelele, 81m), Edinho (Cissé, 66m) e Marinho (NGal, 46m)
Suplentes não utilizados: Ricardo, João Dias, Magique e Bruno China
Treinador: Pedro Emanuel
Cartões amarelos: David Cortez (18m), Amaral (51m), Nivaldo (51m), Ricardo Ribeiro (60m), Ngal (64m)
Golos: Cleiton (0-1, 17m); John Ogu (0-2, 32m); Arnaud (1-2, 41m); Cissé (1-3, 78m)