Um penálti convertido por Ukra, em tempo de descontos, valeu o passaporte do Rio Ave para os quartos de final da Taça de Portugal (1-0). O Vitória de Setúbal foi recuando no terreno ao longo da etapa complementar e, quando esperava pelo prolongamento, cometeu um pecado capital.

Dani terá agarrado Roderick na área e o árbitro Luis Ferreira apontou para a marca. Uma oportunidade soberana para um Rio Ave que desperdiçara várias ao longo do encontro. Prémio inesperado para quem mais fez por o merecer.

Nuno Espírito Santo preparou um sistema curioso, com Tarantini à frente da defesa (uma pena vê-lo sem liberdade para subir) e Diego Lopes a armar o jogo do Rio Ave. Ukra e Braga garantiam profundidade pelos flancos mas Sandro Lima e Hassan iam desperdiçando as oportunidades criadas.

O Vitória de Setúbal apostava num esquema similar, neste caso com Pedro Tiba a garantir um apoio constante a Dani na cobertura do setor intermediário. Rafael Martins criava perigo pela esquerda, sem que Diogo Rosado e Miguel Pedro fizessem o mesmo na partilha de papéis entre o centro e a direita.

Com pouco público nas bancadas – menos de um milhar de pessoas – o Rio Ave assumiu as despesas do jogo mas demonstrou desde cedo pouca inspiração no último momento. Perante a falta de capacidade de penetração, a equipa vila-condense começou por apostar em remates pouco perigosos de fora da área.

Jogando em contra-ataque, com alguns indícios interesantes, o Vitória conseguiu equilibrar os pratos da baliza nos primeiros vinte minutos. Prova disso foram os quatro pontapés de canto conquistados nessa fase. Destaque para Pedro Tiba. O antigo jogador do Tirsense (II Divisão) demonstrou personalidade e criou alguns desequilíbrios quando surgiu no flanco esquerdo.

A equipa de Setúbal não foi muito além das intenções, de qualquer forma. Ao 32º minuto de jogo, após cruzamento de Nuno Lopes na direita, Kieszek falhou por completo a saída mas Braga desperdiçou a oportunidade. Era um sinal.

O Rio Ave foi destruíndo tudo o que criou ao longo do encontro. Na etapa complementar, apertou o cerco à baliza do Vitória mas falhou em quatro/cinco ocasiões claras de golo. Hassan e Braga estiveram em destaque neste capítulo. O português compensou a ineficácia com bastante entrega. O egípcio, nem por isso.

Ao minuto 50, Ukra serviu Hassan mas este atirou fraco contra um defesa. Braga rematou com mais força sem acertar no alvo, pouco depois. E de novo Hassan, com uma hora do jogo, a cabecear à figura de Kieszek quando tinha a baliza à sua disposição.

Nuno Espírito Santo nem queria acreditar. Ainda por cima, Diego Lopes não fez melhor que os seus companheiros de equipa ao minuto 65. Isolado na área após bela simulação de Sandro Lima, o jovem médio atirou por cima!

O Vitória de Setúbal encolheu-se na etapa complementar e a estratégia parecia adiar a decisão para o prolongamento. Contudo, Dani agarrou Roderick em período de descontos, após um pontapé de canto, e o árbitro Luis Ferreira apontou para a marca de grande penalidade. Ukra, na conversão, não desperdiçou.

O jogo terminou pouco depois. A decisão foi logicamente contestada pela formação visitante, gerando-se uma confusão em torno do árbitro da partida, mas sem repetição parece-nos que o penálti é bem assinalado. Fica o benefício da dúvida. Triunfo justo da equipa que mais fez por ser feliz.