Há o futebol inglês e o resto do mundo no que diz respeito a dinheiro para gastar. Mesmo num mercado de janeiro que teve a transferência de Philippe Coutinho do Liverpool para o Barcelona por valores que a colocarão no pódio das maiores de sempre, não há comparação com aquilo que a Premier League gastou nesta janela. Valores recordes, em contra-corrente com as outras grandes Ligas e também com o futebol português. Por cá a janela de mercado teve muitos empréstimos e pouco dinheiro envolvido, tendo o Sporting sido o único «grande» a gastar para contratar.

Depois de um verão louco, janeiro prolongou a tendência, com alguns dos nomes de topo do futebol europeu em trânsito. Além de Coutinho também Aubameyang acabou finalmente por mudar, noutro casos que fez correr muita tinta, do Borussia Dortmund para o Arsenal. O resto são muitos e grandes negócios de e para o futebol inglês. O Liverpool contratou Van Dijk, um valor estimado de perto de 80 milhões de euros que o torna no defesa mais caro de sempre. E o Manchester City, depois de ter superado os 300 milhões de euros no verão, pagou ao At. Bilbao a cláusula de 65 milhões do central Ayméric Laporte, que se torna o jogador mais caro da história do clube.

Houve ainda o negócio entre Manchester United e Arsenal que levou Alexis Sanchez para Old Trafford e Mkhtaryan em sentido inverso, também a contratação de Lucas Moura pelo Tottenham, ou as de Giroud e Emerson pelo Chelsea.

Ao todo a Premier League gastou cerca de 490 milhões de euros neste mercado, segundo dados reunidos pela consultora Deloitte, que conclui ter sido esta uma janela de recorde, superando largamente os 250 milhões de euros de 2011. Juntando este valor a um mercado de inverno que já tinha passado todos os limites, o total gasto pelos clubes ingleses esta época ascende aos 2.1 mil milhões de euros. Em janeiro foram os chamados «big six» os responsáveis pela maior parte dos gastos, 62 por cento do total a dividir por Manchester United, Manchester City, Chelsea, Liverpool, Arsenal e Tottenham.

Só no último dia de mercado foram gastos pelos 20 clubes do principal escalão inglês, estima a consultora, 171 milhões de euros, também este um valor recorde. Também se atingiram novos máximos nas verbas encaixadas, 387 milhões de euros, mas o saldo é negativo. Ainda assim, mais um sinal do poder da Premiership, não representa um peso demasiado grande nas contas dos clubes. É essa a análise que faz o responsável pelo estudo da Deloitte, Dan Jones: «Os gastos da Premier League continuam bem inseridos nos meios que os clubes têm, tendo em conta a receita que geram. Os gastos líquidos estimados de 860 milhões representam apenas 17 por cento da receita estimada da Premier League para 2017/18, em linha com a média dos 15 anos que passaram desde a primeira janela de inverno em janeiro de 2003, uma vez que os clubes aumentam o investimento em jogadores proporcionalmente ao crescimento global do negócio do futebol.»

A Liga espanhola, onde o investimento foi de 285 milhões, boa parte dos quais relativos a Coutinho, foi a segunda mais gastadora em janeiro, ainda segundo os dados da consultora. Os números do negócio entre Barcelona e Liverpool não são oficiais, como acontece na maior parte dos casos, mas a verba referenciada paga pelo Barcelona será da ordem dos 120 milhões de euros.

As outras grandes Ligas foram bem mais poupadas. A Alemanha terá gasto 75 milhões de euros, França 55 milhões e a Itália, depois de um verão muito intenso, teve um inverno de contenção, na ordem dos 25 milhões de euros gastos.

Sporting a contratar, FC Porto na base de empréstimos e o Benfica a largar peso

Para Portugal não há valores totais estimados, mas o único clube que investiu de forma significativa em contratações neste mercado foi o Sporting. Os «leões» ainda não divulgaram os valores das contratações de Wendel, Misic, Rúben Ribeiro e Montero, tendo apenas dado conta dos 2,5 milhões que custou 50 por centro de Lumor no negócio com o Portimonense, mas esses números deverão ser conhecido em breve.

O FC Porto tem quatro reforços, mas três deles chegaram por empréstimo – Paulinho, Waris e Osorio, enquanto Gonçalo Paciência foi um regresso a casa. Quanto ao Benfica, não levou  ninguém de novo para o plantel principal e Rakip, que foi contratado nesta janela para ser de imediato cedido, estava livre de contrato. Na Luz só houve de resto saídas, algo que não é comum na janela de inverno, mas também não é inédito.

Há quatro anos, quando saiu Matic para o Chelsea, os «encarnados» também não se reforçaram em janeiro, num ano em que o FC Porto foi buscar Ricardo Quaresma e o Sporting fez regressar Elias e assegurou ainda Shikabala e Heldon.