O mercado de verão está ao rubro e 2017 prepara-se para bater recordes. As contratações de Danilo e Mendy em dias consecutivos catapultaram o Manchester City para o topo dos clubes mais gastadores e reforçaram o estatuto de Mónaco e, menos óbvio, Real Madrid, como os campeões de vendas, num pódio onde caberá ainda o Benfica.

A equipa de Pep Guardiola já tinha reforços de monta como Ederson e Bernardo Silva, mas nos últimos dias acelerou no mercado – no final da semana passada tinha contratado Kyle Walker ao Tottenham -, um segundo ano em que o treinador catalão se prepara para completar uma mudança profunda no plantel, à custa de muito dinheiro. Embora sem valores oficiais na maior parte das transferências, estima-se em 240 milhões os gastos desta época. A juntar aos mais de 200 milhões estimados gastos por Guardiola na sua primeira época, mais do que qualquer outro clube em 2016/17.

Apenas os valores de Ederson, contratado ao Benfica por 40 milhões de euros, foram oficialmente comunicados. Mas tanto Mendy, acabado de contratar ao Mónaco, como Kyle Walker ou Bernardo Silva são transferências estimadas nos 50 milhões cada uma, ou acima disso. No caso de Mendy, o valor avançado é 57 milhões de euros, a contratação mais cara do City até agora. Há ainda Danilo, contratado ao Real Madrid, e Douglas Luiz, ao Vasco da Gama.

Sendo assim, o City superou aquele que era até aqui o grande protagonista do mercado de verão, o Milan. Depois de mudar de dono, agora nas mãos do chinês Li Yonghong, o gigante italiano investiu em grande, numa tentativa de forçar o regresso ao topo à força de muito dinheiro. Leonardo Bonucci e André Silva representaram as maiores aquisições, 42 milhões pagos pelo defesa à Juventus e 38 pelo avançado ao FC Porto, valores oficiais. Mas há ainda Lucas Biglia, Hakan Calhanoglu, Andrea Conti, Ricardo Rodriguez ou Mateo Musacchio. Ao todo o Milan já gastou, estima-se, algo como 189 milhões de euros.

Estimativa dos clubes que mais gastaram até agora no verão 2017*

Manchester City, 240 milhões de euros

Milan, 189.5 milhões

Chelsea, 140 milhões

Manchester United, 119.7 milhões

Bayern Munique, 100.5 milhões

*de acordo com dados do site Transfermarkt e juntando os valores de 57 milhões avançados para a transferência de Mendy

Do lado dos vendedores, a saída de Mendy para o City lança o Mónaco para o topo da lista. A equipa de Leonardo Jardim viu valorizar muito os jogadores que fizeram a fantástica época da conquista do título e das meias-finais da Liga dos Campeões, e boa parte deles já deixou o principado: Bernardo Silva, Mendy, Bakayoko (Chelsea), Germain (Marselha), Dirar (Fenerbahçe).

Os valores avançados em Inglaterra e França apontam para um negócio de 57 milhões no caso de Mendy, o que fará elevar para mais de 165 milhões de euros as receitas do Mónaco em transferências neste verão.

Acima do Real Madrid, num pouco usual papel de vendedor neste verão: vendeu Morata ao Chelsea, Danilo ao Manchester City e ainda emprestou James Rodriguez ao Bayern Munique, um negócio que envolverá uma verba estimada em 10 milhões de euros pela cedência.

Segue-se na lista, sempre de acordo com estimativas e não valores oficiais, o Benfica. Os negócios de Ederson, Lindelof e Nelson Semedo atingem, de acordo com os valores comunicados, 105 milhões de euros. Transferências de menores valores não são oficialmente comunicadas pelos clubes portugueses. O site especializado Transfermarkt junta a esses valores uma verba de 4.5 milhões por Marçal e ainda verbas por Mukhtar, Celis e Candeias, estimando um total de 113,3 milhões ganhos pelo Benfica.

Estimativa dos clubes que mais ganharam até agora no verão 2017*

Mónaco, 167 milhões de euros

Real Madrid, 122 milhões

Benfica, 113.3 milhões

Roma, 108.25 milhões

Everton, 106.28 milhões

*de acordo com dados do site Transfermarkt e juntando os valores de 57 milhões avançados para a transferência de Mendy

Este ano já ia lançado para bater recordes. Até junho gastou-se mais dinheiro em transferências do que nos quatro anos anteriores, em igual período, de acordo com os dados oficiais do TMS, o sistema da FIFA que regista as transferências internacionais. Foram 1.405 milhões de dólares, contra 1.292 milhões em 2016.

Os valores gastos até junho em transferências internacionais nos últimos cinco anos*

* dados oficiais do FIFA TMS

O último relatório do TMS  deu conta do andamento do mercado ao longo do mês de junho e a Inglaterra liderava muito destacada como o país mais gastador, com 105.6 milhões de dólares. Portugal era o país que mais lucrava em transferências, um total de 77 milhões de euros.

Já depois disso, Julho registou aquelas que são as quatro maiores transferências estimadas até agora: Lukaku do Everton para o Manchester United, Alvaro Morata do Real Madrid para o Chelsea, Alexandre Lacazette do Lyon para o Arsenal e Kyle Walker do Tottenham para o Manchester City. E agora Benjamin Mendy do Mónaco para o City.

Apenas a de Lacazette tem valores oficiais, 53 milhões de euros, mas de acordo com os valores avançados de forma generalizada em Inglaterra, citando informações dos clubes, Lukaku representa o recorde da época, 85 milhões de euros. Segue-se Morata, sobre cuja transferência são ainda menos seguros os valores. A informação de Espanha fala em 80 milhões, em Inglaterra noticiam-se 65 milhões. Quanto a Kyle Walker, do Tottenham para o City, também não há valores oficiais, apontando as estimativas da imprensa entre 50 e 55 milhões de euros. O mesmo para Mendy, sendo a estimativa de 57 milhões de euros.

São, todas, transferências para o futebol inglês. A capacidade financeira dos clubes da Premier League, sobretudo os maiores mas também os de média dimensão, alicerçados na distribuição dos direitos televisivos, é inigualável.

Não será arriscado afirmar que não ficará por aqui. Ainda há muito mercado pela frente nas principais ligas europeias até 31 de agosto e alguns dos grandes ainda estão assumidamente em fase de compras. Isto mesmo admitindo que não aconteça uma transferência recorde, daquelas que provoca efeito dominó. As vozes, mais uma vez, são muitas, a começar pelo intenso ruído em torno de Neymar e o PSG.