Eram quase 23 horas. O Estádio do Dragão começava a esvaziar-se. Dois tratadores de relva, esses exemplos de uma profissão de risco, tinham o plano definido para entrar no relvado, no final do jogo entre o F.C. Porto e a U. Leiria, e tratar de fazer, perante todo o perigo que a actividade encerra, o habitual trabalho que lhes compete: tapar buracos, colocar os tufos de relva no local, compor na medida do possível o tapete.
Olharam em volta, procuraram a ameaça, mas destemidamente avançaram para o local do perigo. Apesar de toda a experiência que decorre de anos e anos de trabalho no terreno, calcularam mal o tempo de entrada no relvado. De detrás das trincheiras saem num instante três stewards e um agente policial. Sempre em alerta! Correm na direcção dos dois tratadores de relva e derrubam-nos de imediato.
O primeiro não oferece resistência. Não valia a pena. O segundo tenta ainda fugir. Conforme cai ao chão derruba com ele um steward. Os outros correm para cima dele. Apertam-no contra o chão, dobram-lhe os braços, imobilizam-no num instante e trazem-no para fora do relvado. Mais tarde foram ambos libertados. Mas não se livraram de ficar detidos por algum tempo.
Afinal de contas, tinha-se esquecido de vestir o colete que habitualmente os identifica. Tinham um crachá preso nas calças, é certo, mas não é a mesma coisa. E nunca se sabe de onde pode vir o perigo.