Nuno Espírito Santo improvisou na conferência de imprensa após a vitória sobre o Arouca para espanto dos presentes e dos que, estando ausentes, leram ou viram depois.

O treinador do FC Porto socorreu-se de um quadro para responder a uma pergunta, mas levar objetos para a conferência de imprensa não é uma invenção do técnico dos dragões. Nem sequer é inédito em Portugal.

Quando treinava o Sporting, Carlos Queiroz improvisou uma espécie de sala de cinema. Projetou vídeos e falou do futebol leonino. Vinte anos é mais ou menos o tempo entre a apresentação de Queiroz e a explicação de Nuno.

Ao longo dos anos, vários treinadores decidiram levar «coisas» para as conferências de imprensa. O papel é o mais usual e o mais usual também é para apresentar queixas sobre árbitros. Mas nem sempre é assim.

José Mourinho já levou uma cábula para responder a um jornalista. Como se pode ver no vídeo, o então treinador do Real Madrid estava à espera que aquele repórter em específico lhe fizesse uma pergunta relacionada com a defesa/baliza da equipa. Aconteceu no pico da discussão em torno da suplência de Iker Casillas.

Mourinho foi ao bolso, sacou de um papel e desatou a ler uma opinião do referido jornalista. O treinador não disse o nome de Casillas, referiu-se apenas a ele como o «jogador X» que o repórter considerara, anos antes, que não podia jogar, como qualquer outro, por decreto ou estatuto no Real Madrid.

Em plena guerra pela liderança da Premier League, Rafael Benítez também usou o papel para responder sobre Alex Ferguson. Em 2009, o Liverpool liderava o campeonato e o escocês atirou que o rival ia quebrar (o termo usado foi choke) e sair do topo. Benítez lá sacou das notas e desatou a relatar «factos» sobre o United e Alex Ferguson e até disse que a única maneira de ninguém se queixar do calendário era ser Ferguson a fazê-lo. O United não iria chegar ao desejado tetra, nem chegar aos 18 títulos do Liverpool nessa época. Já Benítez saiu de Anfield, depois de ter deixado o clube na sétima posição.

Um pouco diferente foi o que aconteceu em Pamplona. Os jornalistas resolveram oferecer umas gravatas ao treinador do Osasuna, Enrique Martín, que sorriu. O técnico foi, então, buscar o telemóvel para dedicar uma música aos presentes.

Mais insólito também há. E há bem pouco tempo. O selecionador da Áustria, Marcel Koller, qualificou a equipa para o Euro 2016 e resolveu entrar em modo francês. Surgiu na conferência de imprensa de boina, baguete e sopa. E sim, provou-as.

O humor de Koller pode fazer sorrir durante alguns segundos, mas no âmbito de outro tipo de conferências de imprensa, há momentos que nos fazem rir mais algum tempo.

Após a final da Liga dos Campeões em 2011, Alex Ferguson foi questionado: «Se o Manchester United lhe desse um cheque em branco, que jogador deste Barcelona contrataria?»

A resposta era tão óbvia que o escocês soltou, sem quase mudar de expressão: «Essa é uma das perguntas mais burras que ouvi na minha carreira…. O Mascherano»

Depois, e mesmo que o protagonista, no momento, não tivesse essa intenção, há aquelas que nos fazem sorrir sempre mesmo que estejam em repeat…

Vítor Pereira e o seu famoso I speak de tru tem paralelo, na diáspora do nosso futebol, na de Toni no Irão, como treinador do Tractor. 

No entanto, a fúria dos treinadores nem sempre se transforma em momentos humorísticos.

Há o clássico de Van Gaal no Barcelona, a dizer que não rasgou nenhum pacto de balneário...

…a fúria de Trapattoni, no Bayern Munique, para Mario Basler, Mehmet Scholl e Thomas Strunz…

…e a ira de Alberto Malesani, no Panathinaikos, praticamente contra toda a gente.

Praticamente, porque Malesani, tal como os exemplos anteriores, ficaram furiosos sem, curiosamente, atacarem arbitragens.