A Liga perdeu um dos poucos treinadores que vinham de uma época completa no mesmo clube. Com a saída de Pedro Martins do V. Guimarães, restam apenas Jorge Jesus, Rui Vitória, Vítor Oliveira e José Couceiro, numa Liga marcada de novo pelas mudanças, duas na última semana, e por um cenário de instabilidade entre os treinadores. Pedro Martins era também um caso raro, um treinador que nunca tinha sido despedido na Liga. Não há muitos mais. Em atividade nesta altura no principal campeonato, não contando naturalmente com os técnicos que fazem a primeira experiência na Liga, apenas Rui Vitória e Luís Castro podem dizer o mesmo.

O treinador do Benfica começou a carreira de técnico principal em 2006/07, no Fátima, treinou Paços Ferreira e V. Guimarães antes da Luz e nunca foi demitido de um clube. Quanto a Luís Castro, o atual treinador do Desp. Chaves também tem um currículo marcado pela estabilidade, desde o início, em 1999. Começou no Águeda, onde fez a transição de jogador para treinador, e esse seria o único clube onde foi vítima de «chicotada», como ele próprio recordou em tempos ao Maisfutebol. Seguiram-se passagens por Mealhada, Estarreja, Sanjoanense e depois Penafiel, na Liga, antes de assumir a coordenação da formação do FC Porto. Foi a partir desse cargo que chegou a terminar a época 2013/14 como treinador principal no Dragão, depois da saída de Paulo Fonseca, antes de assumir o FC Porto B e depois uma carreira autónoma, no Rio Ave e agora em Chaves.

Jorge Jesus, o decano dos treinadores da Liga, está há muito tempo em situação estável. Vai na terceira época no Sporting depois de seis temporadas no Benfica. Antes disso, terminou sempre a época nas passagens por Sp. Braga, Belenenses, U. Leiria, Moreirense e V. Guimarães. A última vez que foi afastado de um clube a meio da temporada foi em março de 2003, quando cumpria a segunda época no E. Amadora.

Vítor Oliveira é outro dos veteranos da Liga, também já com memórias distantes da última vez em que não terminou uma época num clube. Foi em 2013/14, quando deixou o Moreirense em março, numa época na II Liga que acabou com a subida à Liga. Contando com essa, Vítor Oliveira tem 10 subidas de divisão, cinco consecutivas. Saiu sempre no final da época para voltar a subir outra equipa, a exceção foi o Portimonense, com quem seguiu esta temporada para a Liga. A última vez que não terminou uma época na Liga foi também no Moreirense, em 2004/05, quando seria aliás substituído por Jorge Jesus.

Sérgio Conceição, o treinador do FC Porto, tem um currículo bem mais curto, mas movimentado. Em sete temporadas apenas fez duas completas no mesmo clube: na Académica em 2013/14 e no Sp. Braga, em 2014/15. O Olhanense, onde começou, foi o único clube de onde saiu com a temporada a decorrer, em janeiro de 2013, depois de ter feito a reta final da época anterior. A Guimarães chegou em setembro de 2015, tendo terminado a temporada. Ao Nantes chegou em dezembro de 2016 e ficou até ao final, acabando por sair em junho para o FC Porto. 

José Couceiro é o único treinador que resta, além de Vitória e Jesus, ainda no mesmo cargo depois de ter feito a época passada completa, mas já viu uma época acabar mais cedo na Liga: em 2014/15, quando deixou o Estoril, em Março. O treinador sadino começou a carreira com duas temporadas no Alverca, a que se seguiu a primeira de três passagens por Setúbal, interrompida pela saída para o FC Porto em fevereiro de 2005. Na temporada seguinte chegou em outubro ao Belenenses, onde acabou essa época, só voltando à Liga em 2010/11, para três meses a encerrar a época no Sporting. Em 2013/14 voltou a Setúbal, onde chegou em outubro e foi até ao fim da temporada.