Continuam agitadas as águas do Lis. Os processos disciplinares aplicados a Maciel e Alhandra, devido a saídas nocturnas e, no caso do brasileiro, relacionado ainda com distúrbios dentro e fora do estabelecimento, deixaram os visados incrédulos e revoltados. Quando se esperaria um manto de silêncio sobre o assunto, reacção habitual nestas circunstâncias, mais uma vez, em Leiria, ninguém cala a indignação dos atletas, que não se poupam nas críticas a João Bartolomeu, como é o caso de Maciel.
O pequeno extremo, em conversa com o Maisfutebol, negou a noitada - a SAD leiriense revelou inclusive que terá sido identificado pela polícia e faltou ao treino marcado para a manhã seguinte - , as supostas agressões e não teve pejo em justificar o procedimento do presidente como uma estratégia persecutória destinada a aliviar a folha salarial do clube.
«Acusar, toda a gente pode. Se ele não esteve lá, se não viu nada, é fácil falar. Arranjar testemunhas, também. Lá no Brasil, isso acontece com muita frequência. Nego tudo. Não sei de briga nenhuma. Não entrei em confusão alguma, nem saí nesse dia», começou por confessar, em sua defesa, o jogador da U. Leiria, que foi mais longe:
«Todos me conhecem em Portugal e sabem a minha carreira, basta perguntar aos treinadores que tive, Mourinho, Cajuda, o próprio Jorge Costa, para saberem que sempre fui um homem e cumpri as minhas obrigações. Não é à toa que passei por clubes grandes, tanto no Brasil, como em Portugal. Não é agora que uma pessoa sem carácter e honestidade, virá manchar o meu percurso. Sinto-me muito, muito triste com toda esta situação.»

Maciel diz nunca ter passado por uma situação semelhante e tem dificuldade em compreendê-la tendo em conta aquilo que foi o seu dia-a-dia nos últimos tempos. «Passei dois meses a trabalhar separado do grupo, para ficar bom da lesão, pagando o ginásio e a piscina do meu bolso, porque o clube se recusou a fazê-lo. Quando vi que não estava convocado para o jogo com o Belenenses, apesar de já estar bom, fiquei chateado, como qualquer jogador. Mas achei estranho. Andaram a pressionar os médicos e agora não me utilizam?», questiona.
Depois, percebeu o que se passava, falou com o empresário, e resolveu, mesmo assim, apresentar-se ao trabalho na manhã desta terça-feira. «Quando cheguei ao treino, disseram-me que não o podia fazer e entregaram-me um papel [nota de culpa], que não assinei. Já passei essa fase. Só assino contratos e, ainda assim, serve de pouco, porque não me pagaram ainda Dezembro e Janeiro», acusa, mostrando ainda desagrado pela forma como a sua conduta profissional foi exposta publicamente.
As razões para este caso, no seu entender, não passam de uma estratégia do clube para poupar nos salários. «Se calhar, como sou dos jogadores com ordenado mais elevado, querem fazer cortes, já que a equipa vai descer», denuncia.
«Empurrado» para Leiria e proibido de sair
Maciel chegou a Leiria depois de ter rescindindo com o F.C. Porto, por imposição dos campeões nacionais, embora o brasileiro confesse que compreende a atitude do seu antigo patrão. «Não tenho nada contra eles, deram-me a possibilidade ser campeão e fui muito feliz lá, mas vim para cá obrigado, porque era esse o acordo. Tinha outras possibilidades, como o Guimarães. Agora em Janeiro, quando quis sair, e havia propostas, não me deixaram», afirmou, lembrando que lhe faltam quatro meses para terminar o contrato.
Quanto ao futuro, o avançado promete que vai continuar a treinar-se sozinho para manter a forma, mas admite até a possibilidade de avançar com um pedido de rescisão com justa causa ou tentar uma saída por mútuo acordo. «Se não me pagam é porque não me querem. Se calhar, é melhor deixarem-me ir à minha vida...», finaliza.