A sorte não quer nada com este Rio Ave. A equipa joga bem, cria oportunidades, superioriza-se ao adversário mas, no final, não leva pontos. Este foi, resumidamente, o espelho desta partida em Leiria, onde os homens de Carlos Brito voltaram a mostrar argumentos de outras semanas, mereciam sair com a vitória mas, em vez disso, foram exemplarmente castigados por um único erro, já depois dos 90 minutos. A lanterna está cada vez mais vermelha para os de Vila do Conde, sem melhores explicações para além da já avançada.

Da U. Leiria, que deu mais um passo rumo à tranquilidade, apenas se pode dizer que viu os três pontos caírem-lhe do céu. Se antes podia queixar-se da finalização porque até criava oportunidades, revela agora uma total desconcentração e desinspiração no último terço do terreno. A salvação, por ironia, chegou por intermédio de Carlão, provavelmente o jogador mais alheado deste jogo mas que não falhou no momento-chave da contenda.

O título de jogo de aflitos assentou bem a este U.Leiria-Rio Ave. Com pouca ambição, ambas as equipas entregaram-se a uma toada pachorrenta, sem fio de jogo de parte a parte. Era como se a bola queimasse e ninguém a quisesse, até coisas básicas como simples recepções ou cruzamentos saiam enviesados e faziam adivinhar um jogo de sofrimento, nas quatro linhas mas sobretudo para os poucos aventureiros que ousaram comprar bilhetes para esta partida.

Os donos da casa, apesar da posição um pouco mais tranquila, foram os que menos perigo souberam criar face à desinspiração total das suas principais unidades ataques. Nem o recuo estratégico de Silas, para poder servir, amiúde, os companheiros através de passes longos estava a dar resultado.

Do banco, Caixinha observava e, louve-se a atitude, não esperou muito até lançar aquele que todos queriam ver em campo: Leandro Lima, agora rebaptizado na ficha de jogo de Leandrinho. À meia-hora de jogo, o brasileiro surgia em campo no lugar de um médio defensivo, Paulo Sérgio, e vincava a vontade do treinador de despertar a equipa. O problema é que, dentro de campo, não se notou a diferença.

Papéis invertidos e a mentira chegou no final

O Rio Ave, como se disse, pese o atabalhoamento ofensivo, chegou com perigo à baliza de Gottardi em duas ocasiões, primeiro numa jogada confusa que teve em Yazalde e Tarantini os jogadores mais próximos do golo; depois, por Bruno China, mas desta feita Gottardi estava atento. Do lado dos da casa, perdiam-se tentativas de remate e alguns consumados mas em nexo, e o intervalo até chegou com uma defesa para a fotografia de Paulo Santos, após cabeceamento de Leandro Lima. O único à baliza dos homens do Lis em toda a primeira parte!

Os vila-condenses continuaram a mostrar mais argumentos para chegar ao golo e, num livre de Milhazes, só a excelente intervenção de Gottardi evitou males maiores. Os forasteiros começavam a segunda parte ao ataque, já com Bruno Gama no lugar de Saulo, perante um estranho consentimento leiriense. De repente, era como se os papéis se tivessem invertido: a União lá no fundo da tabela, a lutar pela sobrevivência, e o Rio Ave, mais tranquilo, a trocar a bola em progressão, a dominar e a colocar em pânico a defesa anfitriã.

Estava o jogo na fase de descontos (quatro minutos), com os leirienses incapazes de desatar o nós quando um simples erro de Gaspar virou por completo a verdade do jogo: Carlão fugiu-lhe, sofreu grande penalidade, e bateu Paulo Santos sem misericórdia da linha de onze metros. Estava consumada mais uma tremenda injustiça para os comandados de Carlos Brito.