Anatoli Tymoshchuk, o jogador com mais internacionalizações pela Ucrânia, atual treinador-adjunto dos russos do Zenit, recorreu ao Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) para contestar a decisão da federação do seu país de o despojar dos títulos que conquistou.

Considerado um «traidor» no seu país e pelos antigos companheiros de seleção, que representou em 144 ocasiões, Tymoshchuk contestou a sanção junto do TAS, que agora aguarda pelas alegações da federação ucraniana de futebol.

No início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, Tymoshchuk ainda apelou à paz, mas depois disso nunca mais se pronunciou publicamente sobre o tema, negando-se mesmo a abandonar a Rússia e o seu cargo no Zenit S. Petersburgo.

«Desde o início da agressão militar da Rússia contra a Ucrânia, Tymoshchuk, ex-capitão da seleção ucraniana, não só não fez declarações públicas a esse respeito, como também não interrompeu a sua ligação ao clube do agressor. Num momento em que o antigo clube dele, o Bayern Munique, publica declarações e realiza manifestações de apoio à Ucrânia, Tymoshchuk continua em silêncio e a trabalhar em prol do agressor», acusou a federação.

Como retaliação, o organismo decidiu despojar o antigo jogador em março de 2022 de todos os seus títulos ucranianos, aconselhou vários organismos a retirar-lhe os «prémios e títulos honoríficos» e anulou a sua licença de treinador, enquanto o governo o incluía na lista de cidadãos alvo de sanções.

Em janeiro, Tymoshchuk viu a federação recusar-se a reconsiderar a sua decisão, pelo que recorreu ao TAS.

A sua situação contrasta totalmente com a do futebolista Yaroslav Rakitskyi, também do Zenit, desde 2019, que se manifestou nas redes sociais contra a invasão da Rússia no mesmo dia em que esta aconteceu, tendo sido retirado do onze que ia defrontar o Bétis na Liga Europa e, poucos dias, acabou por rescindir com o campeão russo.

Andreyi Voronin também era, na altura da invasão, treinador-adjunto no Dínamo de Moscovo, mas abandonou o cargo dias após o princípio da ofensiva bélica: «Não vejo qualquer possibilidade de permanecer num país cujo exército destrói as nossas cidades e dispara contra civis».

Em nove épocas, no Shakhtar Donetsk, atual adversário do FC Porto na Liga dos Campeões, Tymoshchuk venceu três campeonatos ucranianos, êxitos que o levaram ao Zenit, clube de S. Petersburgo que venceria o seu primeiro campeonato russo e também a Taça UEFA, em 2008.

O médio defensivo seria contratado posteriormente pelo Bayern Munique com o qual foi duas vezes campeão na Alemanha e conquistou ainda a Liga dos Campeões em 2013.

Pela seleção, atingiu o auge internacional da equipa, com os quartos de final no Mundial2006 da Alemanha.