A União Europeia questionou a Espanha sobre o financiamento do seu futebol, e nomeadamente o apoio público aos clubes, para averiguar se há concorrência desleal em relação ao restante futebol europeu. A informação é do jornal «Diario Sur», que cita um documento enviado pelo diretor geral da Concorrência da UE, Alexander Italianer, à representação permanente espanhola em Bruxelas.

Nesse documento, os responsáveis pela fiscalização da concorrência entre Estados (o comissário europeu com essa pasta é o espanhol Joaquim Almunia) dizem ter recebido «denúncias de vários estados-membros» sobre «medidas adotadas pelos municípios a favor da equipa de futebol local» e também sobre medidas «a nível nacional referentes à aplicação de um tratamento fiscal especial a algumas sociedades de futebol profissional».

A UE recorda que o futebol «é uma atividade económica» e que as ajudas estatais «podem falsear a concorrência». Italianer quer que a Espanha «facilite uma visão de conjunto do sistema de financiamento dos seus clubes, indicando em particular os possíveis regimes únicos em matéria fiscal», e também quer saber «as condições em que as autoridades locais» disponibilizam os estádios às equipas profissionais.

De acordo com dados da UEFA citados pelo jornal, apenas 17 por cento dos clubes europeus são proprietários dos estádios onde jogam. E a relação dos outros com os donos dos recintos, lembra a UE, é uma atividade económica, «sujeita ao controlo de ajudas estatais».

A questão é portanto esclarecer quais as relações contratuais entre os clubes profissionais e os municípios ou autoridades públicas. Em Espanha, muitos clubes pagarão abaixo do que a UE considera «preços de mercado», sendo que a maioria, acrescenta o jornal, apenas fica com os custos de manutenção, sem pagar qualquer renda.

Além disso, há os outros negócios entre clubes e autarquias. A UE diz que muitas das queixas recebidas «referem-se às condições de uso dos estádios municipais e ao preço dos terrenos objeto de transações imobiliárias entre município e clube». E deixa um puxão de orelhas, lembrando que o Estado deve apenas financiar «as escolas e formação», e não o futebol profissional: «Parece que nem todas as autarquias estão conscientes de que as normas sobre ajudas estatais também se aplicam às medidas financeiras a favor do clube profissional da localidade.»