O que assistimos a semana passada nos dois jogos da Liga dos Campeões foi um atropelamento das duas melhores equipas alemãs sobre as duas melhores espanholas. A primeira parte da eliminatória não augura nada de bom para os espanhóis mas em futebol.

A surpresa começou na 3ª feira mas quem presenciou ou viu na TV, como eu, não pode estar surpreendido, tal foi a superioridade do Bayern Munique. Grande intensidade, velocidade e ritmo marcaram a exibição alemã perante um Barcelona que apesar de ter tido maior percentagem de posse de bola, não fez o que tem por hábito fazer. Faltou rapidez na circulação de bola, intensidade e pressão para colocar em sentido a equipa adversária. Juntando a tudo isto, uma equipa que não está nas melhores condições físicas e a faltar o seu pequeno génio, regressado de lesão e sem intervenção no jogo, resultou no pior.

De lá para cá o que pode ter mudado para pensarmos que a eliminatória não está decidida? Oito dias é pouco mas é aparentemente suficiente para vermos Messi recuperado (jogou cerca de 30 minutos no sábado) e já a fazer das suas. Todos sabemos a importância que a presença dele significa para a equipa. Para mim, pese embora apareça o melhor Messi, não estou a ver o Bayern desperdiçar a vantagem que traz. Não porque não possa ter uma noite má, mas porque não estou a ver o Barcelona a ter uma noite extraordinária e inesquecível. Assisti ao vivo à remontada contra o Milan e foram brilhantes. Messi foi superior e a equipa soube responder colectivamente e fez regressar as características que a têm tornado a melhor dos últimos anos. Não me parece que tenha tudo agora.

Os primeiros 15/20 minutos vão decidir muito do que vai ser o jogo e uma boa entrada com Messi em grande, pode transformar a descrença em esperança e voltarem a acreditar. Basta lembrar-nos dos resultados da semana passada. Há três aspectos que convém lembrar. A qualidade individual e colectiva, o orgulho culé e a força dos seus adeptos.

Em Madrid teremos a outra parte do duelo hispano-alemão. Em tudo semelhante ao rival, o Real Madrid foi apanhado por uma grande equipa e se dúvidas houvesse, a exibição do Borussia Dortmund foi soberba e só merece elogios. Vulgarizou o campeão espanhol mas ainda não está na final. Apesar do póquer de Lewandoski, o golo de Ronaldo pode fazer a diferença na eliminatória. São precisos «apenas» três golos ao Real para marcar presença em Wembley. Fácil? Nem de longe, mas convém não esquecer que a qualidade impera, o orgulho está ferido e mais uma vez a fúria espanhola pode fazer a diferença. O que tem de mudar para isto acontecer? Eu diria tudo.

Mais equipa, maior concentração e um Ronaldo em grande. Os amarelos de Dortmund com o treinador do momento, algo «fora da caixa» mas com muita capacidade, não vão querer desperdiçar a possibilidade de estar no novo Wembley. Em futebol tudo pode acontecer. É possível ver o Real chegar à final e não tem necessariamente de ser com uma má noite do Dortmund. Uma grande noite europeia do Real com tudo aquilo que referi acima mais eficácia e rigor defensivo dá um cocktail explosivo e pode marcar a viagem para a final. Seguramente dois jogos excepcionais, já estou à espera do primeiro logo à noite.

Quinta-feira, na Luz, o Benfica recebe o Fenerbahçe. Para passar tem de ser totalmente diferente de Istambul. Impor o seu jogo e com isso não permitir que os turcos joguem como o fizeram na primeira mão, com um jogo directo. Foram pressionantes e de uma luta constante pela bola. Nesses aspectos o Benfica tem que ser no mínimo igual.

Largura no jogo e velocidade nas transições são a chave para desorganizar a quanto a mim frágil defesa turca. Uma boa entrada é importante e não se podem cometer os erros de outros jogos. Os jogadores não podem pensar em mais nada que não seja os 90 minutos que faltam, lutarem pela presença na final. Têm de acreditar porque possuem capacidade e qualidade para tal e Amesterdão é já ali.