Giorgio Marchetti discursou nesta quinta-feira no Football Talks, evento de conferência que decorre até esta sexta-feira no Centro de Congressos do Estoril.

O diretor de competições da UEFA falou sobre o novo modelo de distribuição das receitas na Liga dos Campeões e na Europa, já aprovado e que entrará em vigor em 2018.

Depois de uma apresentação onde dissertou sobre o assunto e se socorreu de gráficos para explicar que o objetivo essencial passa por aumentar a competitividade das equipas participantes nas competições europeias, o dirigente falou aos jornalistas na zona mista e reiterou o desejo vincado na véspera pelo presidente da UEFA, Aleksander Ceferin.

«Confirmamos que queremos uma competição aberta e é isso que a Liga dos Campeões é e vai continuar assim. Se a superliga é uma liga fechada para a elite, essa não é a nossa competição», começou por dizer.

Não à superliga e também a eventuais reformas profundas no formato competitivo da Liga dos Campeões. O foco essencial da UEFA passa, defendeu Marchetti, por uma distribuição mais equiparada das receitas pelos clubes e pela promoção de uma gestão sustentável. «O fair-play financeiro já deu resultados e a UEFA mostrou-os. O impacto disso na gestão sustentável dos clubes tem sido óbvio, sendo demonstrado pela drástica redução dos prejuízos», observou o dirigente.

O formato aprovado tem implicações pelo menos até 2021. E depois? «Nada é eterno. Estamos sempre em progresso. É importante que continuemos a falar com todos os agentes. A UEFA não faz as coisas sozinha. Está sempre em diálogo com diferentes agentes e estas reformas surgem em acordo com a Associação Europeia de Clubes (ECA)», disse Marchetti.

Recorde-se que a UEFA conseguiu retirar peso ao market pool, que beneficiava os representantes das principais ligas europeias. Isto permitirá que os emblemas portuguesas possam arrecadar mais dinheiro no futuro. Mas há mais: a Liga Europa também vai beneficiar com esta remodelação. «Já aumentámos a distribuição de receitas para a Liga Europa. Na verdade, a distribuição pelos clubes na Liga Europa é maior do que as receitas da competição e assim será também no futuro próximo. Isto é para continuar e já foi anunciado que haverá um movimento ‘extra’ de 50 milhões de euros da Liga dos Campeões para a Liga Europa», apontou o dirigente.

A perda de um clube português com acesso à Liga dos Campeões a partir da época 2018/19 também foi um assunto abordado. «Se Portugal perdeu agora uma posição na Champions League é devido ao conjunto das suas performances. Penso que os clubes portugueses demonstraram sempre que têm recursos para competir ao mais alto nível. Têm todos os meios para voltar e para conquistar posições novamente. Todos tentam subir nos rankings, porque isso significa ter mais vagas nas provas europeias. É uma luta muito renhida», defendeu.

Em jeito de brincadeira, Marchetti, homem que lidera os sorteios da Liga dos Campeões e da Liga Europa, foi questionado acerca da eterna questão das bolas quentes e bolas frias. «Levo essa pergunta como uma piada. Como é que podemos ter bolas quentes ou bolas frias? É impossível. A qualidade das pessoas que nós convidamos para os sorteios… nunca me atreveria a pedir algo que não fosse honesto a alguém no sorteio. Como é que poderia dizer a antigos grandes jogadores? É uma piada», rematou.