A Federação Angolana de Futebol concluiu que foram falhas no plano de segurança que levaram ao incidente que provocou 17 mortos e 58 feridos no jogo de estreia do Girabola 2017.

«O cordão de segurança da área exterior ao recinto da realização do jogo não obedeceu aos parâmetros normais e, corolariamente, não foram observadas as distâncias necessárias para garantir o acesso ao estádio, permitindo-se assim que populares com e sem bilhetes válidos para assistir ao jogo estivessem muito próximos do portão da entrada em referência», lê-se no comunicado do conselho de direção da FAF.

O incidente ocorreu com a confusão generalizada na entrada para o estádio, naquele que marcava o jogo de estreia do Santa Rita de Cássia no campeonato angolano.

«Constatou-se que uma deficiente avaliação dos riscos que o jogo acarretava, em que a população estava ávida em assistir a uma partida de futebol, da equipa local que efetuava o seu primeiro jogo e da jornada inaugural do Girabola, esteve também na base do incidente», lê-se no relatório que será enviado ao Governo. José Eduardo dos Santos pediu também um inquérito ao incidente, que está a ser conduzido pelo Ministério do Interior.

Este relatório da Federação Angolana refere também que as condições no estádio não foram o motivo para o incidente: «As características e as condições do estádio 04 de Janeiro, em si mesmas, não influenciaram os trágicos acontecimentos (...) já que as entidades e os populares que foram ouvidos foram unânimes em confirmar que as falhas havidas foram no plano de asseguramento da área exterior ao recinto da realização do jogo.» 

O estádio em causa, recorda a FAF, contava com três portões de acesso geral, mas apenas um foi aberto, o que terá propiciado a confusão: «Uma concentração consideravelmente excessiva de populares para entrada na zona do estádio sem bancadas num só portão, quando foram vendidos 2.500 bilhetes para essa parte do estádio, é outra das causas que estiveram na origem dos tristes acontecimentos daquela fatídica tarde.»

Este relatório contraria as notícias avançadas no dia da tragédia (10 de fevereiro) de que um muro do estádio tinha caído, centrando-se as conclusões do inquérito no cordão de segurança insuficiente e na abertura de um único portão.

Como medida cautelar, aquele organismo orientou a "introdução imediata", já na próxima jornada do Girabola a disputar este fim de semana (terceira ronda) de várias condições a verificar pelos comissários ao jogo e "sem a observância das quais os mesmos não devem ter lugar".

Passa a ser obrigatória a existência de um relatório de avaliação do risco da partida, um plano de asseguramento do jogo, um relatório com o número e qualidade dos lugares correspondentes aos bilhetes a serem vendidos, um plano de distribuição dos espectadores e um plano de evacuação, entre outras medidas.