O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

DIOGO RAMOS, DOXA (CHIPRE):

«Olá a todos os leitores,

Chamo-me Diogo Ramos, sou avançado, tenho 27 anos e sou natural de Sermonde, Vila Nova de Gaia. Foi-me proposto pelo Maisfutebol relatar um pouco do meu percurso profissional, mais concretamente a experiência pela qual estou a passar neste momento ao representar o Doxa no Chipre.

Esta proposta foi desde logo aceite com grande agrado da minha parte e desde já agradeço ao Maisfutebol a oportunidade de poder partilhar um pouco das minhas vivências e experiências aqui no Chipre e da minha vida enquanto profissional de futebol.

Gostaria antes de mais referir que desde criança ambicionei ser jogador profissional de futebol, desde muito pequeno que comecei a jogar e sonhava ser o Vitó Baía (era assim que eu dizia, mal falava mas a bola já estava presente). Por causa disso, escolhi o número 99 aqui no Doxa.

Comecei inicialmente na rua com miúdos mais velhos (o que com pena minha hoje quase não acontece),onde dei os meus primeiros passos enquanto jogador. O primeiro clube que representei foi a AD Grijó onde com os meus colegas de infância comecei a fazer a melhor coisa do mundo, jogar futebol.

Tudo começou após ter sido abordado pelo senhor Pinto (sempre com o seu boné do Benfica), na altura treinador dos escolinhas da AD Grijó, que depois de me ver a jogar na rua fez tudo para convencer os meus pais a deixarem-me ir para o clube. O senhor Pinto era incansável neste aspeto, fazia isto com muitos miúdos para construir sempre uma boa equipa.



Estive lá durante três anos. Durante esse tempo, fui sempre convidado pelo FC Porto mas como a AD Grijó pedia dinheiro, a mudança só aconteceu mais tarde. O meu pai levava-me sempre aos campos de férias do FC Porto onde o senhor Freitas já dizia: Diogo Ramos Grijó, futuro Diogo Ramos Porto.

No último ano de infantil, a AD Grijó acabou por vender a mim e a mais três jogadores ao grande FC Porto. Já nessa altura batíamos o pé ao FC Porto e ao Boavista. Fui muito feliz na AG Grijó e ainda hoje, juntamente com o Freamunde e o FC Porto, é um dos meus clubes favoritos.

Prolonguei a minha formação do FC Porto durante seis anos, marcando quase 200 golos e sendo várias vezes campeão nacional. Lá aprendi muito enquanto jogador e percebi que aquele clube é mesmo especial em tudo, só jogando lá é que se sabe o que é ser um jogador à Porto.

Tive a oportunidade de trabalhar e crescer com grandes profissionais, como o Mister Rolando, Lima Pereira, Bandeirinha, André Villas-Boas entre outros mas sem dúvida o que me marcou mais foi o grande Mister João Pinto. Nesse ano fiquei a perceber o porquê da moral que ele tem naquele clube.

Pertenci a uma geração de grandes talentos como Vieirinha, Paulo Machado, Ivanildo, Hélder Barbosa, Bruno Gama, (já viram que a concorrência era forte) entre outros.


Foi na minha passagem a sénior que abandonei o FC Porto e integrei o Freamunde, clube que representei durante três anos, tendo subido de divisão na segunda temporada. Foi um clube que me recebeu muito bem e o qual eu gostei muito de representar. Ainda hoje posso dizer que, mesmo ao longe, estou sempre a par do que acontece no clube.

Na época 2008/09, o Gloria Bistrita avançou com uma proposta para me comprar ao Freamunde, depois de uma excelente temporada na II Liga. Acabei por assinar contrato com o clube romeno por quatro temporadas.

Durante o tempo em que estive na Roménia tive muitos problemas, principalmente a partir da segunda época, e fui mesmo obrigado a colocar um processo contra o clube na FIFA, após o acumular de várias situações, as quais não posso relatar de momento, tendo em conta que o processo ainda está a decorrer e prevê-se a qualquer momento o desfecho do mesmo (mas prometo para breve uma explicação de tudo o que aconteceu).

Aprendi que por vezes o mundo do futebol pode ser muito cruel e muito duro. Quando terminei o contrato na Roménia integrei de novo o plantel do Freamunde, voltando a jogar na II liga durante uma temporada (o bom filho a casa torna…).

Atualmente estou a representar o Doxa no Chipre. Ainda estou cá há pouco tempo, uma vez que só vim em Janeiro, contudo o meu objetivo é ajudar a equipa a cumprir os seus objetivos no campeonato e na taça, na qual temos a ambição de ir à final.

É meu objetivo primordial fazer um bom resto de final de época contribuindo da melhor forma possível para o bom desempenho da equipa e ser feliz aqui no Chipre.

Na próxima crónica irei escrever mais acerca desta minha nova aventura neste novo país.

Cumprimentos a todos os leitores.

Abraço,

Diogo Ramos»