O sucesso do Atlético da Tapadinha, surpreendente líder da Liga de Honra, está associado à chegada de Caleb Patterson-Sewell, guarda-redes norte-americano, que, nas primeiras nove jornadas, consentiu apenas três golos. O clube de Alcântara tem a melhor defesa das ligas profissionais e uma das melhores da Europa. O Maisfutebol foi à procura das motivações deste guarda-redes que jogou na Austrália, Bélgica, Inglaterra e Estados Unidos antes de aterrar em Alcântara. Um verdadeiro «globetrotter» à procura da sorte na Tapadinha.

A amargura de um histórico longe de casa

«Nasci nos Estados Unidos, mas cresci na Austrália, foi lá que comecei a jogar. O meu pai é americano, mas a minha mãe é australiana. Tive uma curta passagem pela Bélgica, quando tinha catorze anos, mas foi por muito pouco tempo, nem conto com isso. Fui para lá porque o meu antigo empresário tinha jogado no Anderlecht», começa por contar o guarda-redes, agora com 24 anos, do alto do seu 1.91m.

De Bruxelas, Caleb rumou a Inglaterra, ainda como dezassete anos. Passou pelas reservas do Sheffield Wednesday e pelos juniores do Liverpool, mas de repente viu as portas da Velha Albion fecharem-se por falta de uma licença de trabalho. Na posse de um passaporte norte-americano, optou por regressar às origens. No «soccer» americano representou sucessivamente o Cleveland City Stars, New York Red Bulls, Carolina RailHawks e o Miami FC.

«Faz-nos falta o cheiro da Tapadinha»

Mas não era a mesma coisa. Caleb ansiava por voltar ao Velho Continente e sonhava jogar ao mais alto nível. «Quis sempre voltar para a Europa. Falei com amigos, passei a ter uma ligação com o empresário Filipe Dias e surgiu uma primeira oportunidade para vir para Portugal em Novembro do ano passado. Não resultou, mas não desisti. Também tentei alguns clubes da Liga, mas aconselharam-me a vir para o Atlético, disseram-me que era o melhor clube para mim», recordou.

Na Tapadinha, apesar das modestas condições que o clube lhe oferece, Caleb voltou a encontrar a felicidade e a oportunidade de jogar de forma regular numa liga competitiva. «Estou muito feliz aqui, muito contente com a opção que tomei. Quando cheguei queria apenas um clube onde pudesse jogar. Encontrei aqui pessoas muito simpáticas e honestas. Encontrei um treinador brilhante que fala inglês, o que me ajudou muito, porque não domino o português. Olhando para todos os detalhes, esta época não podia estar a correr melhor», destacou.

«Deixamos os adversários frustrados»

No Atlético tornou-se rapidamente numa das figuras do clube, destacando-se não só à frente da baliza, mas também no balneário onde mantém uma relação especial com todos os companheiros. Nas primeiras noves jornadas, consentiu apenas três golos. «É uma marca fantástica, temos orgulho nisso, mas também temos consciência de que só fizemos nove jogos. Para manter este nível temos de trabalhar duro e é isso que temos feito. Em termos defensivos, trabalhamos bem, somos uma equipa difícil de derrubar. Temos um estilo de jogo que não permite muitas oportunidades, deixamos os adversários frustrados. Temos de continuar concentrados, trabalhar no dia-a-dia e confiar no trabalho do treinador que tem feito um excelente trabalho», contou.

A verdade é que Caleb espera que o sucesso na Tapadinha lhe abra outras portas. «A minha ambição é chegar a um clube maior. Cheguei aqui com a ambição de poder mostrar o que posso fazer. Tenho procurado fazer o meu melhor, sei que já fui observado, pode ser que surjam convites no final da época. Já houve alguns contactos, mas deixo isso com o meu empresário. Deixo tudo nas mãos dele e fico concentrado no meu trabalho. É um grande momento para o Atlético, um grande momento para mim. Se houver um convite, depois logo vemos o que acontece», referiu ainda.