O que faz um ministro durante o dia?

Aparentemente, não muito.

Só a folga de agenda terá permitido que o Ministro da Administração Interna, Rui Pereira, encontrasse tempo livre para receber dirigentes de um clube de futebol, no caso o Benfica.

Não estou a retirar importância aos ataques que são dirigidos aos autocarros de clubes, sejam eles quais forem. Pelo contrário, acho o tema preocupante e merecedor de atenção das autoridades.

Mas, até pela visibilidade pública do assunto, é evidente que a polícia já sabe com o que pode contar. Quer dizer, é o seu trabalho, é justo acharmos que estão fazê-lo. Logo, isso leva a colocar a pergunta: esta audiência serviu para quê?

Resposta que encontro: nada. Nada, a não ser dar algum resultado prático ao original comunicado dos órgãos sociais.

Um texto onde um elemento do governo era considerado persona non grata. Aliás, uns dias depois do comunicado, este ministro e um secretário de estado de Sócrates marcaram presença na tribuna de honra da Luz, no Benfica-Sporting. Dá uma ideia de como estas coisas funcionam e de como é frágil a posição da política perante os grandes clubes.

Resumindo: quando o país atravessa uma crise que devia envergonhar em primeiro lugar quem o dirige; numa altura em que os polícias se manifestam nas ruas, um ministro desperdiça tempo. Deve ter pouco para fazer.