O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

EDUARDO ALMEIDA, T-TEAM (MALÁSIA)

«Caro leitores do Maisfutebol,

Agora que o campeonato se encontra parado e em fase de transição, mais uma vez vos escrevo para falar um pouco sobre a Malásia. Sobre a cultura, o futebol e um pouco de outros desportos.

A Malásia é um país que tem praticamente todos os desportos e com grande investimento em muitos deles. O Badminton é o desporto mais apreciado e com bastante presença no país. Há também uma grande paixão pelo hóquei em campo e desportos motorizados.

A Petronas, um dos grandes patrocinadores dos desportos, tem as suas grandes torres em Kuala Lumpur: as Twin Towers ou Petronas Towers, famosas e muito visitadas pelos turistas. 

No que diz respeito ao futebol, as equipas são praticamente todas dos estados. Apenas duas ou três são particulares e por isso têm muito apoio dos adeptos. Uma vitória da equipa significa vitória do estado sobre outro estado, por isso normalmente os estádios estão cheios. Os estádios levam cerca de 30.000 a 40.000 pessoas e encontram-se cheios em quase todos os jogos. 

A Malásia tem três competições: FA Cup , Campeonato e Taça da Malásia. Ao contrario de todos os países, penso eu, aqui a Taça da Malásia é o trofeu que mais impacto tem e que todos querem vencer.

Tal como no futebol, a vida parecendo que não também difere de cidade para cidade, estado para estado. Existem cidades praticamente cem por cento muçulmanas, com costumes muito diferentes de outras cidades em que a percentagem é de 50-50. 

Um exemplo: existem cidades que ainda não têm um centro comercial nem cinema, não por falta de dinheiro, mas porque não existe esse hábito. Nas outras, existem grandes superfícies comerciais com acesso a tudo. 

As pessoas são simpáticas, com grande conceito de família e acolhedoras. É um país bastante seguro com boa organização. O estado é a base de tudo.

Uma coisa comum em todos os estados e cidades é que grande parte dos restaurantes são Halal, seja em que estado for. Mas nas cidades mais 'western' encontra se de tudo.

Voltando um pouco ao futebol, tal como disse está em fase de transição, apenas a academia está a funcionar. E por acaso bastante bem, o número de atletas está a aumentar e realizámos o primeiro campeonato de academias em Terengganu, organizado pelo T-Team Titans, algo que despertou grande interesse e impacto no estado e no próprio país. 

No futebol profissional, aqui também nesta fase tudo é diferente. Os jogadores não podem assinar antes de final de novembro, altura em que a maioria dos contratos acaba apesar de os campeonatos já terem terminado. É difícil por isso fazer uma preparação antecipada. Acontece com jogadores e com treinadores.

Muitos já falaram com clubes mas nada passa de conversa, os jogadores como não abundam aguardam até à última para assinar melhor contrato e aqui entra a parte monetária. Essa e só essa conta. Quem pagar mais eles vão, não tendo muito interesse pela divisão ou pelo projeto. 

Os jogadores ou treinadores não estão muito preocupados com o facto de treinarem ou jogarem na Super-liga ou primeira liga, para eles é igual. Este ano por exemplo muitos jogadores vão para a primeira liga jogar em clubes que vão pagar muito para subir de divisão. Esse é o grande objetivo na Malásia em geral, dinheiro e dinheiro. Tudo é dinheiro na Malásia.

Aqui não existem as chamadas equipas grandes. Qualquer um pode ser campeão, o estado/equipa que nesse ano tiver mais dinheiro tem mais hipóteses, contrata os melhores e nesse ano ganha mas talvez no outro desça e vice-versa.

Existem estados que, como são maiores e mais virados para o futebol, têm mais títulos mas está muito distribuído por todos. Alguns neste momento estão na segunda divisão. 

Em resumo, tudo na Malásia é muito diversificado, é um país com tudo para todos. Não é fácil cá chegar mas, depois, seguindo os costumes e percebendo os hábitos é um país que tem muitas coisas para fazer e com muitas condições para viver.

Um grande abraço a todos os leitores,

Eduardo Almeida»