Em 2010 Salvador Cabãnas foi atingido a tiro na cabeça e a vida do avançado paraguaio do América do México acabou. A vida do avançado paraguaio do América. Não a vida de Cabañas. Nem sequer a vida de futebolista.

Atualmente, o avançado ainda joga no seu primeiro clube, mas a vida abastada também acabou por mais um revés do seu destino. Cabanãs diz-se enganado pela ex-mulher e pelos colaboradores mais próximos e, sem dinheiro, passou a trabalhar na padaria dos pais como sustento.

Salvador Cabañas era uma estrela do continente americano em 2010. Era o melhor marcador da Taça Libertadores pelo segundo ano consecutivo. Era o atacante que o Paraguai de «Tata» Martino iria levar ao Mundial da África do Sul.

Um incidente num bar da cidade do México, em 25 de janeiro desse ano, começou por mudar tudo. O acusado do disparo foi um traficante de droga, Jorge Balderas Garza, que Cabãnas diz não saber que destino teve. «Disseram que o ,mataram. Não me interessa», disse numa entrevista à AFP.

Pensaram que não sobrevivia. Sobreviveu. Depois de vários dias nos cuidados intensivos regressou à vida. Mas sem nada já no futebol. O Mundial ficou de fora. O pré-contrato com uma equipa europeia no valor de 1,7 milhões de dólares também morreu.

Levantar às quatro

Terminada a carreira de futebolista de alto nível, queixa-se do segundo disparo que o deixou novamente à beira de perecer. Queixa-se da mulher, do empresário e do advogado. «Eles fizeram-me assinar com a impressão digital» enquanto estava debilitado. O antigo jogador diz que uma indemnização prometida pelo América nunca foi recebida por si.

«A milha mulher disse que o dinheiro tinha acabado», contou. Mas, para ele, a história ainda não acabou. A sua mulher, diz, vive numa mansão avaliada em cinco milhões de dólares tendo a custódia dos dois filhos. Cabañas está disposto a lutar na justiça pelos seus direitos. E também não desistiu da vida.

Aos 33 anos, o antigo internacional paraguaio (44 vezes, com dez golos) passou a trabalhar na padaria dos pais e levanta-se às quatro horas da madrugada para começar a ajudar na distribuição em Itaguá, na região de San Bernardino. E voltou também a jogar. Depois do acidente parou. Voltou a jogar em 2012. Parou novamente. E voltou agora outra vez, ao 12 de Octubre, o clube onde começou, em 1998.

Com base nas visões que diz ter tido da sua avó enquanto convalescia no hospital, Salvador Cabañas dá uma garantia: «Vou seguir em frente.»