Inédito, seguramente inédito. Três portugueses lutam pela mesma baliza no campeonato romeno. A epifania ocorre em Cluj e deixa os próprios de boca aberta. De espanto e frustração, na verdade. Mais do que uma opção de carreira, a raridade discorre do espaço exíguo disponível na principal liga nacional.

Beto, Daniel Fernandes e Nuno Claro. Mãos lusitanas em redes romenas. «Isto, de facto, nem em Portugal», desabafa Beto ao Maisfutebol. «Entendemo-nos todos muito bem e respeitamos o espaço de cada um. A vantagem é que no trabalho diário a comunicação é perfeita, não qualquer barreira. Mas, admito, não deixa de ser estranho chegar à Roménia e encontrar mais dois portugueses da minha posição.»

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Oito jornadas disputadas, quatro guarda-redes utilizados [sim, há um romeno na luta]: Nuno Claro fez três jogos, Daniel Fernandes e Mihai Minca actuaram uma vez cada um, Beto foi dono e senhor nas últimas três partidas.



«A mentalidade dos clubes portugueses privilegia a aposta em atletas de outros países. Respeito. Eles preferem ir por esse caminho e nós somos obrigados a tentar a nossa sorte noutro lado. Basta olhar para o número oficial para perceber aquilo que estou a dizer», sublinha Beto.

Apenas cinco dos 16 clubes da I Liga têm um português com o estatuto de titular na baliza: Sporting (Rui Patrício), Sp. Braga (Quim), Feirense (Paulo Lopes), Beira-Mar (Rui Rego) e Rio Ave (Paulo Santos).

«Jorge Costa foi determinante para eu vir»

Cluj, 400 mil habitantes, cidade universitária, urbe de pessoas «afáveis e loucas por um clube muito organizado». A adaptação de Beto à Roménia «não podia ser mais simples». Além dos vários colegas portugueses (Nuno Claro, Daniel Fernandes, Cadu, Camora, Rui Pedro e Nuno Diogo), há ainda uma dupla técnica muito especial: Jorge Costa e Jaime Magalhães.

«Esse foi um dos motivos que me levou a aceitar o desafio. Foi mesmo determinante, aliás. O Jorge Costa conhece-me bem, sabe aquilo que posso dar à equipa e isso faz toda a diferença», confessa o guardião português.

E nem a língua romena é uma barreira limitadora. «No F.C. Porto o meu colega de quarto era o Sapunaru, por isso já conhecia algumas palavras. Ainda por cima, ao contrário do que se possa pensar, há muitas palavras parecidas com o português. Sinto-me perfeitamente integrado.»

Beto na baliza do CFR Cluj: