A equipa olímpica dos Estados Unidos tem roupa nova para Londres 2012, uns fatos oficiais com um ar muito formal e muito americano, em azul-marinho e branco, com uns toques de vermelho. Problema: são feitos na China. O caso gerou enorme polémica e chegou ao Congresso, onde tanto senadores democratas como republicanos se insurgiram por o Comité Olímpico não estar a promover produtos «made in America». Até a China já reagiu, com ironia.
Os uniformes que serão usados pelos atletas na cerimónia de abertura em Londres são da marca Ralph Lauren, que é americana mas, como muitas outras, recorre a mercados mais baratos para a produção das suas criações. Desde que a ABC revelou que a «Team USA» em Londres 2012 ia vestir «made in China», foi uma confusão.
Chegou ao ponto de seis senadores democratas terem anunciado que iam promover legislação para impedir que isso aconteça. «O Team USA Made In America Act of 2012» pretende que os equipamentos sejam costurados ou montados nos Estados Unidos e que, caso isso não seja possível, o Comité Olímpico norte-americano dê explicações claras.
O comentário mais radical veio de outro senador, Harry Reid, do Nevada, um Estado muito afetado pelo crescimento do desemprego. «O Comité Olímpico devia ter vergonha. Acho que deviam pegar nos uniformes todos, colocá-los numa pilha e queimá-los. Depois começar outra vez», disse, citado pelo LA Times: «Temos pessoas na América a trabalhar na indústria têxtil desesperada por emprego.»
Nesta segunda-feira, a agência oficial chinesa Xinhua ironiza com estas palavras. «Se há alguma coisa que devia ser queimada é a hipocrisia dos políticos norte-americanos», diz um comentário na Xinhua, citado pela Associated Press. O artigo sugere ainda que os legisladores norte-americanos deviam ser proibidos de «usar qualquer coisa ou qualquer produto» que seja feito no estrangeiro.
Nos Estados Unidos a questão tornou-se claramente política, em ano eleitoral e tempo de crise, com o desemprego a aumentar. Mitt Romney, candidato republicano contra Barack Obama nas eleições de Novembro, tem sido criticado pelos democratas precisamente por as suas companhias fazerem «outsorcing», recorrendo a força de trabalho mais barata em vez de dar emprego a norte-americanos. Entretanto, também já houve artigos a lembrar como o próprio senador Harry Reid, e também Obama, receberam donativos de Ralhp Lauren para as suas campanhas eleitorais.
Quanto aos uniformes, enquanto o Comité Olímpico norte-americano se recusa a fazer comentários público, a Ralph Lauren já veio dizer que vai analisar a possibilidade de fabricar os equipamentos em casa para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014.