Ustaritz, o mais recente reforço do Arouca, fez uma autêntica maratona (12 horas) para chegar, na manhã desta sexta-feira, ao seu destino. Almoçou no Porto, partiu para a vila, onde conheceu os dirigentes do clube, cumpriu os necessários trâmites burocráticos, e foi para o hotel colocar o sono em dia.

A conversa com o Maisfutebol teve, por essa razão, de ser adiada para o princípio da noite, quando já estava em frente à televisão para assistir ao jogo da sua nova equipa, com o Estoril.

«A equipa mostrou ser lutadora e parece-me um resultado justo, não vi no Estoril argumentos de grande superioridade. Tivemos um pouco de infortúnio no golo, uma bola bombeada do central, que nos apanhou de surpresa», confessou, para primeira impressão.

Desde que soube da possibilidade de vir para Arouca, Ustaritz procurou o máximo de informação sobre o clube e a localidade. Apesar de já haver espanhóis no plantel, não conhecia qualquer deles e por isso recorreu à internet.

«Tenho um amigo, treinador, que treinou o Ivan Balliu, na seleção da Catalunha, e me disse que ele estava aqui. Pelo que vi, tem a escola típica do Barcelona, é forte fisicamente, e tem muita qualidade», elogiou, crente de que não irá acusar a mudança radical de ambiente.

«Apesar de vir de Tiblisi, que tem um milhão e picos de habitantes, sempre estive habituado a terra pequenas, por isso a adaptação não será problemática», garante, sem muito mais para adiantar. «Foi tudo muito rápido. Cheguei, descansei, e não deu para ver muito. Amanhã, irei dar uma volta por ai», completou.

Em Portugal, terá a vantagem de estar bem mais perto de casa, algo que procurava. «Além disso, estarei na principal Liga do país. Conheço as equipas mais importantes, os grandes, mas sobretudo as que estiveram nas competições europeias, como o Paços de Ferreira, que está agora na cauda da classificação», desvenda.

Athletic, um clube especial

Em Espanha, o novo central arouquense jogou a maior parte do tempo no Athletic de Bilbao, onde foi formado, e recorda os duelos com Cristiano Ronaldo ou Fábio Coentrão. Esses tempos foram, confessa, o concretizar de um sonho.

«É um clube muito especial. Os jogadores do Athletic podem jogar em qualquer equipa, mas nem todos os jogadores podem jogar no Athletic», conta, orgulhoso, numa referência à tradição do emblema de Bilbao, quebrada apenas recentemente, de contratar apenas jogadores bascos.

«Para nós, que somos da região, aquele é o grande clube, onde todos querem jogar um dia. É diferente de todos os outros. Em vez de procurar contratar estrangeiros, preocupa-se sim em potenciar os jovens que tem», completa, fazendo ainda referência à forma apaixonada como os adeptos acompanham a equipa:

«O estádio está sempre, ou quase sempre, cheio. O público vibra muito e apoia com grande garra. Foi um privilégio para mim ter lá jogado, uma honra.»

Aos 30 anos (fará 31 dentro de duas semanas), Ustaritz troca a fria e distante Geórgia, onde ganhou o título local e jogou a Liga dos Campeões, por um país mais quente, no clima e nas emoções. «Gostava de experimentar algo diferente e agora o que mais quero é jogar ao máximo, desfrutar, e ajudar a equipa a conseguir a manutenção», sentenciou.