O Vitória termina na sexta posição mas não vai à Europa. A Académica, que podia descer de divisão nesta última jornada, triunfou no Minho e alimenta esse sonho. É o futebol português na sua face mais caricata, sinal da crise que afeta todos os setores. Diogo Valente e Edinho deram o triunfo aos estudantes, com resposta insuficiente de Bruno Teles pelo meio (1-2).

A Federação Portuguesa de Futebol ainda não se pronunciou oficialmente sobre o tema. As informações disponíveis apontam para o licenciamento regular de duas equipas que chegaram a esta jornada perto da zona de descida: precisamente Rio Ave e Académica. Vitória e Nacional desistiram.

Como o Rio Ave foi derrotado pelo F.C. Porto, um triunfo da formação estudantil permitiria a ultrapassagem na tabela classificativa e a candidatura europeia. Assim foi.

Os adeptos locais, sem esquecer o historial de rivalidade com o emblema de Coimbra, torciam contra o adversário. Mesmo não tendo nada em jogo.

Sinal de humildade e clarividência

O Vitória, no final de uma época marcada por convulsão diretiva e problemas financeiros por resolver, manteve o nível alto e mereceu o sexto lugar na tabela classificativa. Mérito para o trabalho desenvolvido por Rui Vitória. Admitir que não seria possível garantir os pressupostos financeiros é, também, um sinal de humildade e clarividência dos novos responsáveis.

Que iria fazer este V. Guimarães à Liga Europa, tendo sérios problemas para resolver em casa? Sendo que essa realidade determinaria o início antecipado da temporada e eventual prejuízo na tesouraria. Para a Académica, a mesma coisa. Compensa de facto, para algo mais que o prestígio, disfarçar as dificuldades para alimentar o sonho europeu? Veremos.

A principal missão da Briosa era garantir a manutenção e assim aconteceu, sem esperar pela infelicidade alheia. Aliás, enquanto os seus adeptos celebravam o 3-1 do Gil Vicente ao Feirense, a equipa de Pedro Emanuel procurava segurar o ponto suficiente para se salvar. O resto seria um bónus.

A arte de Diogo Valente

A Académica entrou melhor, teve mais iniciativa e viria a chegar mesmo à vantagem, já em cima do intervalo. Excelente trabalho de Diogo Valente na área do Vitória, recebendo de Hélder Cabral e rematando em rotação, sem hipóteses para Ricardo.

A mesma formação estudantil já tinha enviado uma bola ao ferro, no decorrer da primeira parte, por intermédio de Edinho. Na equipa de Guimarães, sobrava a irreverência do jovem Ricardito e uma iniciativa individual de El Adoua para assustar o guarda-redes contrário.

O empate surgiria já na etapa complementar, graças a um remate inesperado e portentoso de Bruno Teles. O lateral esquerdo, pela direita, rematou cruzado e Ricardo não conseguiu evitar o golo, embora ainda tenha tocado na bola.

Edinho nos momentos decisivos

Pedro Emanuel tremeu por momentos. Fez um trabalho sério, manteve uma postura correta ao longo da temporada, sem conseguir afastar o espetro da despromoção. Manteve-se fiel aos seus princípios, mesmo quando perdeu Sissoko e Éder, sobretudo este. Sem a principal referência ofensiva, a Académica atacou Edinho no mercado. Foi feliz.

Esta Briosa, que pouco ou nada mudou na estratégia de jogo, mantendo o seu 4x3x3 de princípio a fim e tornando-se assim facilmente compreensível para os adversários, demonstrou personalidade nos momentos decisivos.

Personalidade e Edinho, precisamente. O substituto natural de Éder marcou golos essenciais para este final feliz. Em Guimarães, vindo não se sabe bem de onde, surgiu o 1-2 na cabeça do internacional português, em livre com culpas para Douglas Júnior, o substituto de Nilson.

E assim, no Berço, sem esquecer o caso NDinga, a Académica selou a permanência e deixou em aberto a possibilidade de ir à Liga Europa. O Vitória, sexto classificado, fica de fora. Assim vai o futebol português.