Preocupações de ambos os lados com o resvalar desportivo entre duas equipas imperfeitas e concentradas em não perder partida de média dimensão.
Abaixo do esperado e obrigados à urgência, a vida não corria especialmente bem às duas equipas. O V. Guimarães sentiu-se forçado a ganhar, após quatro desaires consecutivos, mas os avançados não fizeram muito diferente daquilo que apresentaram nas últimas partidas e apesar da posse e circulação de bola, começaram por reforçar a pouca capacidade para marcar frente a um Belenenses agoniado na classificação, com futuro incógnito e falto de pontos para respirar melhor no «buraco».
Cedo se percebeu que toda a envolvência do Estádio Dom Afonso Henriques com mais de 20 mil nas bancadas se transformara numa câmara de tortura para as intervenções de alguns intérpretes. Faltou auto-confiança a brancos e azuis para marcar mais golos na 1.ª parte, entre outros aspectos. Mas o Belenenses começou melhor a partida e traduziu perigo nas intenções de Silas, Wender e Roncatto.
O 4x3x3 de Jaime Pacheco demonstrou ainda boa organização defensiva e conseguiu travar o flanco esquerdo do V. Guimarães, habitualmente mais perigoso. Em suma, obrigou o adversário a centralizar o seu jogo.
Tem mérito, no entanto, o interesse do Belenenses a tentar praticar um futebol com mais ordem e clareza. Mas faltou maior espontaneidade aos homens de Pacheco.

Já o 4x2x3x1 de Manuel Cajuda mostrou sempre grandes dificuldades para bater duas linhas fortes de defesas a empatar o caminho para a baliza de Júlio César que garantiu o nulo durante 39 minutos. Acresce que o V. Guimarães abriu o activo com muita sorte e às duas tabelas: Moreno bateu um livre pleno de
força na esquerda e a bola tabelou em Gregory antes de entrar na baliza. O Belenenses saiu para o intervalo a perder de forma inglória.
Festival do golo
Nas mudanças de cosmética ao intervalo, Jaime Pacheco começou por ser mais feliz. Fez entrar José Pedro, Baiano e a equipa ganhou maior profundidade. As alterações bem cedo produziram efeitos e José Pedro soube aproveitar a má posição do meio-campo adversário para disparar um remate que deixou Nilson mal na fotografia (1-1, 46m).
Com a pressão alta a rebentar nas bancadas, o nível da partida acresceu com duas equipas mais direitas ao golo na 2.ª parte. Assim, perante a exigência crescente do público, o V. Guimarães procurou mais insistentemente o ataque e foi capaz de intimidar a baliza adversária através do talento e chama de Desmarets e Nuno Assis, duas unidades a correr selvagem por cima dos defeitos e a compensar a falta de ideias de uma equipa que produziu variados ataques laterais, muitos centros, mas quase sempre desbaratados pela falta de um qualquer avançado concretizador.
Faltava alguém capaz de pagar as promessas de uma linha média agitada e com abundantes remates à entrada da área, até João Alves marcar o 2-1 através de um remate com o pé esquerdo na zona da meia-lua, após boa jogada de Desmarets desenvolvida no flanco esquerdo.
O Belenenses tentou reagir, mas acabou por sofrer mais um golo, após nova cavalgada de Nuno Assis, desta vez, pela direita do ataque a convidar Desmarets a aplicar um remate de pé fino ao segundo poste que só parou no fundo das «malhas».
O Belenenses apagou-se a pouco e pouco e pagou caro os imprevistos do jogo e a falta de soluções para marcar jogadores-chave como foram Desmarets e Nuno Assis. Dois jogadores que capitalizaram a reacção vibrante do V. Guimarães.
Os homens de Manuel Cajuda com vantagem larga no marcador estabilizou os níveis emocionais, ainda que tenha faltado saber controlar melhor a posse de bola frente a um Belenenses que saiu da partida de mãos a abanar, mas sem ser inferior nas várias fases do jogo propriamente dito.