A Figura: Jean Barrientos

A surpresa da noite. Preencheu o lugar normalmente ocupado por Nuno Assis, assumiu a responsabilidade da condução das transições ofensivas, rasgou barreiras e encontrou com uma serenidade admirável as melhores linhas de passe. Não é presença assídua no onze inicial, longe disso. Talvez por eventual fragilidade física, talvez por não ter o dinamismo indicado para Rui Vitória pretende, talvez pela forte concorrência. Provou ser um elemento de excelente qualidade, capaz de ligar sem nós cegos o meio-campo ao ataque. Grande partida.

A Desilusão: Cardozo

Não fosse uma simulação fantástica a isolar Nolito, perto dos 60 minutos, e dir-se-ia que o paraguaio tinha ficado na Luz. Frágil nos duelos individuais, sem capacidade para procurar espaços e usar o poderoso pé esquerdo. Uma atuação cheia de nada.

O Momento: o golo de Toscano

O Benfica defende mal um lance de bola parada, o Vitória aproveita e, confirmar-se-ia mais tarde, resolve o jogo. Apatia, descoordenação e Marcelo Toscano a aproveitar para desfeitear o impotente Artur Moraes. Os homens da Luz caíram num tipo de lances em que normalmente são fortíssimos.

A Crónica do Jogo

O V. Guimarães-Benfica AO MINUTO

Outros Destaques

Marcelo Toscano

Tanto talento, tanta ânsia de golos. Qualidade convincente, às vezes traída por um sangue que teima em fervilhar nas veias sul-americanas. Oportunismo no golo marcado, a rodopiar e a entregar uma bola perdida à atenção da baliza encarnada. Sete golos no campeonato de um avançado capaz de ser ainda melhor. Predicados não lhe faltam. Um perigo na esquerda, a dar trabalho que chegue a Maxi Pereira. Forte a proteger a bola e a ganhar posição para desbravar caminhos prometedores. Teve o segundo golo nos pés num contra-ataque aos 51 minutos. Falhou.

Leonel Olímpio

Não havia El Adoua, não havia Pedro Mendes e o técnico do Vitória lançou este brasileiro, velho conhecido dos tempos do Paços de Ferreira. Terá feito diante do Benfica a sua melhor exibição da temporada. Teve a capacidade de gerir a posse de bola, de lateralizar quando era mais conveniente e de acelerar noutros momentos. Chegámos a vê-lo de cabeça erguida, passada larga, a invadir o meio-campo do Benfica. É mais um médio credível para a luta de aproximação aos cinco primeiros lugares.

João Paulo

O bravo dos bravos no pelotão vitoriano. Limitado por um choque com Rodrigo, João Paulo cerrou os dentes, manteve-se em campo e foi heróico até final. Que capacidade de superação! Compenetrado, agressivo, motiva qualquer um que jogue ao seu lado. Importante no golo de Toscano, ao atrapalhar a acção de um defesa do Benfica e a permitir que a bola chegasse aos pés do colega.

Pablo Aimar

O maestro perdeu a paciência aos 65 minutos. Mandou a sua habitual cordialidade ao ar e pegou-se com Barrientos. Viu um amarelo. O instante personifica a noite desinspirada do mago argentino, o homem que empunha a batuta e ordena a orquestra de Jesus. Raras vezes é possível ver Aimar tão longe do jogo, sem o amparo da bola. Viveu em terra de ninguém, demasiado longe dos avançados e insuficientemente perto de Matic. A equipa sofreu muito pela sua ausência.

Nolito

Origem do pouco perigo gerado pelo Benfica. 20/30 minutos interessantes na esquerda, sempre naquele estilo furão que tão bem o caracteriza. Mete os olhos no chão, vai até ao fim do mundo apoiado em ressaltos e numa crença enorme. Sem fazer um jogo extraordinário, muito longe disso, foi dos encarnados que mais perto andou do rendimento habitual. Dois bons cruzamentos na parte final, desaproveitados por Cardozo.