A lei que estabelece o novo mapa das freguesias teria sempre de poupar Moreira de Cónegos. Quanto mais não seja, por ter uma equipa de futebol capaz de afrontar com coragem e qualidade o senhor do concelho, o Vitória de Guimarães. Durante 90 minutos, pouco ou nada separou dois clubes vizinhos, mas de dimensão tão distinta. Uma grande penalidade tudo decidiu.

Vale a pena, aliás, começar por essa grande penalidade. Polémica e rara. Rara por ter sucedido a uma outra, no minuto imediatamente anterior, desperdiçada por Tiago Rodrigues. Ricardo Andrade defendeu e, no seguimento, Ricardo (o do Guimarães) rematou contra o corpo de Pintassilgo, a um metro. O árbitro, cruel, assinalou penalty. À segunda marcou, e bem, Leonel Olímpio.

Ora, estávamos no minuto oito e tudo se posicionava para uma noite segura e tranquila do Vitória. Nada mais errado. A equipa de Rui Vitória demonstrou uma incapacidade total em domesticar o jogo, em sossegar o empertigado vizinho e sofreu muito, muito mesmo, até ao apito final.

Apesar de ver o ciclo de recuperação interrompido, o Moreirense sai da Cidade-Berço com uma imagem de quem quer e pode largar rapidamente a lanterna vermelha. Estranhos e enigmáticos são os caminhos do futebol e só eles poderão explicar como não foram os cónegos capazes de fazer, pelo menos, um golo. Tiveram oportunidades mais do que suficientes.

Os Destaques do V. Guimarães-Moreirense

Podemos falar de dois remates perigosíssimos de Ghilas, um cabeceamento de Pintassilgo defendido heroicamente por Douglas, uma tentativa de Pablo Olivera já nos cinco minutos finais ou até de uma ameaça de Filipe Gonçalves a passar a centímetros do golo.

Podemos falar nisso, sim, mas acima de tudo da capacidade do Moreirense amedrontar um oponente muito melhor classificado e, em teoria, com armas de capacidade superior. Em campo nada disso se viu, apesar do orgulho que um derby deste calibre destila por todos os poros.

Claro que o Vitória respondeu de longe a longe, quase sempre por obra e graça de Ricardo, e teve as suas oportunidades. No entanto, numa comparação rigorosa ao futebol e aos ideais dos dois conjuntos, os pupilos de Rui Vitória ficam a perder em todos os itens.

Ficha de Jogo, Notas e o AO MINUTO

Não fosse a tal grande penalidade, praticamente desprovida de jurisprudência, e estaríamos aqui a falar num empate que, mesmo assim, pecaria por escasso para o Moreirense. Augusto Inácio colocou a equipa mais tranquila e confiante daquilo que vale.

A 11 jornadas do fim, este Moreirense aparenta mais vida e fiabilidade do que nunca. A freguesia pode estar orgulhosa dos seus rapazes, mesmo que regressados de bolsos vazios da visita aos senhores do concelho.