A matemática venceu a filosofia em Guimarães. A equação formada por um jogo com pouca história e, muito tempo, mal jogado, teve um resultado inesperado, mas que pode ser provado com recurso aos números. Enquanto teve 11 jogadores, o V. Setúbal equilibrou o jogo. Com 10 vacilou. Com 9 caiu. A isto somem-se os três golos vitorianos e a vontade de transformar um quadro cinzento numa tela colorida.

Para a história fica o triunfo por 3-0, num confronto de Vitórias. O de Guimarães fica do lado da matemática, que lhe dá mais três pontos (passa a somar 13) e ajuda a esquecer a eliminação na Taça, com o Desp. Aves. Para explicar o desaire, o Setúbal que use a filosofia.

FICHA DE JOGO

Segunda-feira à noite e tempo frio. Juntar pouco futebol a estes dois condimentos foi um castigo desnecessário para as cerca de 9 mil pessoas que estiveram no D. Afonso Henriques. A primeira parte, sobretudo, não deixa marca.

Cinzento, muito cinzento o futebol das duas equipas. Passes bem medidos? Um ou outro. Jogadas com princípio meio e fim? Em vias de extinção. Lances de perigo? Nem vê-los.

É que para chamar ocasião flagrante de golo a um remate de Edgar por cima da trave e a dois pontapés bem executados por Neca e Jorge Gonçalves (este a obrigar Nilson a grande defesa) ainda é preciso alguma boa vontade.

45 minutos de um longo bocejo e uma entrada para a segunda parte que prometia mais do mesmo: nem uma mudança, mesmo com os adeptos da casa a não pouparem os assobios ao intervalo.

Felizmente, Toscano fartou-se da monotonia.

Contra nove foi mais fácil

O avançado vimaranense, que não explode por não conseguir ser regular, foi a principal animação do segundo tempo. Primeiro, porque marcou. O que é sempre importante. Mas mais do que o golo, conseguido num golpe certeiro de cabeça, daqueles que vêm explicados nos livros, foi a determinação do brasileiro que convenceu.

Pouco depois de marcar, encarou Anderson do Ó, trocou-lhe as voltas e testou Diego. Pouco depois voltou a rematar, provando que era o animador de serviço. Alegria nas bancadas, por fim.

Os destaques do jogo

Nesta altura convém esclarecer que o V. Setúbal já jogava com dez. Um minuto depois de sofrer o golo de Toscano, Ney Santos viu o segundo amarelo, por falta sobre Nuno Assis. Era o ponto final na equipa sadina que até tinha sido ligeiramente superior no primeiro tempo.

A partir daí, e ainda mais com a expulsão de Ricardo Silva pela clara grande penalidade que deu o segundo golo, o jogo só teve um sentido. Vitória, o da casa, até ao fim. Edgar aumentou de penalty, Toscano bisou de cabeça.

Bruno Ribeiro mexeu como pôde, tentou reorganizar os nove jogadores que tinha em campo e evitar a goleada. Conseguiu-o. Fica o resultado pesado que o Vitória de Guimarães não fez assim tanto por merecer, embora o triunfo seja inequívoco. A matemática ganhou. O resto são filosofias.