Para além de fazer parte da melhor da defesa da Europa e de ser até o único jogador totalista da equipa, há mais um facto que faz de Janício um caso admirável nestes primeiros meses de estreia na Liga nacional. O lateral ainda não viu um único cartão. Em 1170 minutos já efectuados. «Não sou jogador que faça muitas faltas», começa pot tentar explicar. «Pode acontecer em qualquer altura ir a um lance, entrar fora de tempo e o árbitro mostrar-me o amarelo, mas por norma não sou um jogador faltoso».
Os números estão aí para o provar. «Sempre vi muito poucos cartões. Nunca apanhei um vermelho, por exemplo. Nos três anos que estive no Torreense só vi dois amarelos». O que vem provar que não é de hoje esta queda pelo cadastro limpo. «Não é que quando entre em campo vá a pensar que não posso fazer faltas», frisa «É uma coisa natural. Sou um pouco rápido, não vou à queima, não entro como um doido, prefiro jogar na antecipação. Tento aproveitar a rapidez que tenho, que é um ponto forte, e isso ajuda».
Uma curiosidade a acrescentar a todas estas surpresas prende-se com o facto de já na época passada o jogador que recebeu o prémio fair-play da liga nacional ter sido um elemento do V. Setúbal. Nandinho, no caso. Será uma escola que está a nascer dentro do clube? «Não tem nada a ver uma coisa com a outra». garante. O que não significa que este não seja um facto já presente no balneário sadino. É até motivo de conversa entre os dois. «O Nandinho está sempre a brincar comigo. A dizer-me: Ó pá, ó Janício, estás a querer tirar-me o prémio. Olha que eu vou mandar uma bola de trivela para o teu lado, tu não estás à espera, os gajos vão fugir-te e tens de fazer falta», conta o cabo-verdiano. E aí? O que é que lhe responde. «Respondo aquelas coisas normais. Brinco com ele e digo-lhe que ele não és capaz de fazer isso. Eu sei que não és capaz de fazer isso, mano».