Em junho de 2014, Bruno Ribeiro estava a preparar a temporada do Moura no Campeonato Nacional de Seniores. Um ano depois, o treinador de 39 anos está a um mês de entrar em ação numa eliminatória da Liga dos Campeões. 

O Vitória Setúbal continuará no coração de Bruno, depois da manutenção e da despedida. Entre o Alentejo e o Sado, Bruno Ribeiro esteve ainda no Pinhalnovense. Um percurso atribulado, mas de sucesso, capaz de lhe abrir a porta de um clube ganhador no leste europeu. 

Na entrevista ao Maisfutebol, Bruno Ribeiro confessa que a continuidade no Bonfim já não fazia sentido e que o desejo de ser treinador profissional sempre esteve na cabeça.

Treinou três clubes na época 2014/15. É um trajeto anormal, no mínimo…
É verdade (risos), aconteceu tudo muito depressa. Há seis meses estava a trabalhar no CNS, em Moura, e agora estou a preparar a Liga dos Campeões. O futebol é assim, mas a verdade é que isto só é possível porque as coisas me correram bem, tanto no Alentejo, como depois no Pinhalnovense e no Vitória Setúbal. Atingi os objetivos delineados em todos esses projetos e consegui a manutenção em duas equipas que estavam mortas [Pinhalnovense e Vitória].

Saiu do Vitória Setúbal por sua vontade?
Sim. Todos sabem que o Vitória é o clube do meu coração, permitiu-me construir uma carreira no futebol, mas no final da época eu já tinha propostas boas e não fazia sentido continuar. Trabalhar em Inglaterra era, aliás, a maior hipótese, mas adiei esse objetivo. Voltarei a trabalhar nesse país fantástico, o país do futebol. Treinar um clube campeão na Bulgária e que joga a Liga dos Campeões deu-me a volta aos planos.

Que tipo de treinador é o Bruno Ribeiro? Que futebol privilegia, que relação defende com os seus atletas?
Sou um técnico muito próximo dos meus futebolistas, gosto de ter conversas individuais, explicar claramente o que pretendo. Fui futebolista profissional durante 18 anos e sei muito bem o que eles sentem em cada situação e o que precisam ouvir. Sou uma pessoa brincalhona, sempre disponível, mas no trabalho exijo o máximo, sempre. Sou ambicioso, jogo sempre para ganhar, seja contra o FC Porto ou contra o Benfica. No Vitória foi assim. Gosto que as minhas equipas tenham qualidade para ter a bola e procuro largura no processo ofensivo.

Mesmo à distância, imagino que continuará a sofrer pelo Vitória…
Vou estar muito atento, claro, serei mais um adepto. Serei sempre vitoriano, em qualquer parte do mundo. E voltarei a Portugal, para estar com a família, ver jogos e procurar eventuais reforços.

Há precisamente 18 anos também deixou Setúbal, na altura para assinar pelo Leeds. Quais as memórias mais fortes dessa transferência e quais as diferenças entre o Bruno de 1997 e o de 2015?
Não mudei muito, continuo apaixonado pelo futebol e a trabalhar de forma sério. Tenho uma barriguinha maior (risos), mas continuo a ter muitos sonhos e a olhar para Inglaterra com admiração. É um país fascinante e com campeonatos fantásticos.

Nessa altura já tinha a ambição de ser treinador mais tarde?
Tirei o I Nível de treinador em 2001 e o II Nível em 2005. Já tinha definido que queria continuar ligado ao futebol depois de encerrar a carreira de futebolista. Gostava de questionar os meus técnicos, perceber as opções que tomavam, chegar a casa e rever os jogos…

Consegue desligar-se do futebol quando está em casa ou é obcecado e aproveita todos os momentos para trabalhar?
Chego a casa e começo logo a procurar jogos e mais informação. Sou assim, amo mesmo o futebol, encaro a minha função com total prazer. 

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