Valentim Loureiro respondeu esta terça-feira a Cunha Leal, que o tinha acusado de ser o maior responsável pelo caos instalado na Liga nacional e pedira que se demitisse. O major respondeu que Cunha Leal é um irresponsável e aconselhou-o a, ele sim, afastar-se da Liga. Historiando vários passos do processo, Valentim Loureiro começou pelo início. «O Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga comunicou-nos que o Gil Vicente tinha recorrido ao dito tribunal por causa da inscrição do jogador Mateus. Quem é que recebeu esta comunicação? Foi o director-executivo. Eu não soube disso, nem tinha de saber porque era o director-executivo que tratava dos assuntos relativos a contratos».
Segundo Valentim Loureiro, Cunha Leal não tomou nenhuma medida. Entretanto o processo continuou. «O Gil Vicente desistiu da acção e foi então o jogador Mateus que recorreu para o Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto. O tribunal deu-lhe razão e notificou o director-executivo que teria que inscrever o jogador. E o que é que fez esse director-executivo, que me criticou agora por ter respeitado a decisão do Tribunal Administrativo de Lisboa? Foi a correr respeitar a ordem do tribunal Administrativo de Fiscal do Porto e inscrever o jogador. Depois a Liga recorreu, o Tribunal acabou por dar-nos razão e a inscrição foi levantada».
Valentim Loureiro revela processo de inquérito a Cunha Leal...
O essencial para Valentim Loureiro, porém, é que Cunha Leal sabia desde meados de Janeiro (quando o Gil Vicente recorreu para os tribunais civis pela primeira vez) de tudo o que se passava e não tomou nenhuma medida contra o clube gilista. «O director-executivo conhecia esta matéria, sabia que tinha de a participar à Comissão Disciplinar, não teve coragem de a participar, a Federação chamou-lhe a atenção para a necessidade de a participar e ele voltou a não a participar. Por isso o que é decidimos hoje? Decidimos instaurar um processo de inquérito ao director-executivo, que já foi entregue à Comissão Disciplinar e seguirá agora os seus trâmites normais».
... diz que o director-executivo é irresponsável...
Pelo caminho pediu a demissão de Cunha Leal. «Devolvo os cumprimentos daqueles que dizem que estou aqui a mais, para dizer aos irresponsáveis que, eles sim, deviam afastar-se o mais rapidamente possível para deixar a Liga funcionar com tranquilidade como tem acontecido nos últimos dias». Cunha Leal, recorde-se, tem estado de férias. Valentim Loureiro desmentiu, de resto, ter mandado a secretária-geral da Liga, Andreia Couto, telefonar ao presidente da Mesa de Assembleia-Geral da Liga, Adriano Afonso, para este nomear uma nova composição de juristas para a Comissão Disciplinar. «Como, aliás, o próprio Adriano Afonso já desmentiu publicamente», recordou.
... e nega ter sido a Liga a suspender os jogos de Belenenses, Leixões e Gil Vicente
Da mesma forma desmentiu ter sido a Liga a desmarcar os jogos em que intervinham Gil Vicente, Belenenses e Leixões. «O Leixões entregou um recurso na sexta-feira a dizer que a vaga do Gil Vicente deveria ser ocupada por ele. Remetemos esse recurso para a Federação que, através de ofício enviado por fax, suspendeu os jogos. Por isso, quem é responsável, bem ou mal, pela suspensão dos jogos é o Conselho de Justiça da Federação». Por fim comentou a acusação de estar agarrado ao poder: «Hermínio Loureiro fazia gosto que o secretário de Estado do Desporto estivesse presente no acto de posse. Ora ele estava de férias e por isso agendaram o acto para o dia 23 de Agosto. Só que na véspera foi recebida uma notificação da providência cautelar interposta pelo Nacional que impediu a tomada de posse dos novos órgãos da Liga».