Mentalmente arrasado com a decepcionante aventura europeia, Diego Valeri faz uma cura de confiança em Buenos Aires. Desadaptado, desenquadrado e rejeitado no F.C. Porto, é no familiar Lanús que volta a acreditar em si mesmo. Dir-se-ia até que Diego está envolvido numa luta interior, para a qual convoca todas as imagens do passado. As mesmas que o levaram ao Dragão e que em Portugal, misteriosamente, desapareceram.

Um ano e meio após a chegada à Cidade Invicta, Diego Valeri é o segundo melhor marcador da liga argentina e foi chamado na passada semana pelo seleccionador Sergio Batista a um período de observação. É outro jogador, outro homem. Numa longa conversa com o Maisfutebol, o Bibliotecário abre a alma e aproveita para desabafar.

«Necessitava muito disto. Estou a jogar, a marcar sempre golos e estive na selecção», refere Valeri, sem esconder o alívio. «É difícil explicar, mas aqui tudo me sai bem. De uma semana para a outra passei do inferno ao céu.»

«Jesualdo nunca me deu qualquer explicação»

Dispensado pelo F.C. Porto, pouco utilizado no modesto Almería até Dezembro e, num ápice, o reconhecimento unânime. «Tudo aconteceu depressa. Vinha farto de estar no banco, entrei logo a titular no Lanús e fui chamado pelo seleccionador. Vestir a camisola do meu país é uma bênção. Dei o máximo naqueles dias e acredito poder voltar muitas vezes. O próximo objectivo é ser convocado para o amigável com a Venezuela.»

Dois anos de empréstimo ao F.C. Porto foram abortados a meio. Insatisfeitos com o rendimento de Valeri, a direcção e o técnico Villas-Boas decidiram prescindir do argentino. Afinal, que explicações encontra o médio para uma época tão pobre de dragão ao peito? Ele que, insiste-se, é agora goleador no Torneio Clausura e está na órbita da selecção.

«O Porto tinha um plantel espectacular e nunca encontrei a regularidade necessária. Fazia um jogo e sentia que tinha de fazer tudo nesses 90 minutos. Foi a minha primeira experiência fora de casa e aprendi muito. Sempre fui bem tratado e queria ficar mais tempo. Não deu, por circunstâncias que me escapam», refere Diego Valeri, ainda copiosamente marcado pela desilusão.

«A dispensa não me surpreendeu, mas doeu. Eu sabia qual era a minha situação, tinha a convicção que não ia ser a primeira opção do novo treinador e tive de sair. Acredito que as minhas características podiam ser úteis. Enfim, o Porto continua a ter grandes jogadores no meio-campo.»

E um regresso ao Porto?

E se, de repente, o F.C. Porto voltasse de novo a desejar Diego Valeri? Aceitaria o argentino uma nova tentativa de sucesso no Dragão? A resposta não pode ser mais esclarecedora.

«Foi uma honra estar nesse clube e seria a minha grande prioridade voltar, caso estivessem interessados.»

Um grande golo de Valeri no Lanús:



E outro de cabeça: