A final entre a Holanda e a União Soviética em 1988 é um instante clássico do futebol moderno. O que dizer do primeiro golo do jogo? Passe longo, toque de cabeça de Van Basten e a finalização fortíssima de Ruud Gullit. «Um penalty com a testa», comenta Van Breukelen ao Maisfutebol.

Tudo sai bem a essa versão feliz da laranja mecânica. «Penso no Euro-88 muitas vezes, claro. O percurso foi fenomenal. Não entrámos favoritos, longe disso, e saímos de lá em ombros», recorda Hans van Breukelen, um dos grandes guarda-redes dos anos 80 e 90.

A Holanda começa, inclusive, o torneio a perder contra a URSS. Derrota a Inglaterra e a Rep. Irlanda, antes de ultrapassar a Alemanha nas meias-finais. No duelo decisivo, os homens de Rinus Michels arrebatam o Velho Continente.

«Eramos uma família. Mesmo numa equipa com Gullit, Van Basten e Rijkaard, primeiro estava a equipa e depois o indivíduo. Não sei o que se passa hoje no Europeu, talvez haja alguma luta de egos», adianta Van Breukelen, na transição da nostalgia para a realidade.

«O golo do Van Basten é meu também»



O que se passa, então, com esta Holanda? «Vejo a equipa com nomes fortíssimos e é difícil aceitar que tenha zero pontos. Se passar esta fase acredito no título europeu. Há demasiado talento para não passarmos», desabafa Van Breukelen.

Portugal, porém, promete ser «um obstáculo duro». «Há favoritismo para Portugal porque o empate deve chegar-lhe. É difícil fazer previsões num jogo tão equilibrado. Se não passar a Holanda, desejo a maior sorte a Portugal. Para já, ainda não».

«Também me vai perguntar pelo Veloso, não é?»

Van Breukelen tem algumas boas memórias dos duelos com Portugal. Em 1991, por exemplo, venceu em Roterdão por 1-0, golo de Richard Witschge. Nas Antas, também na qualificação para o Euro-92, um golo de Rui Águas assinala o triunfo luso.

Anos antes, porém, há o famoso duelo entre o PSV e o Benfica na final da Taça dos Campeões Europeus. O duelo entre Van Breukelen e Veloso na decisão por grandes penalidades.

«Também me vai perguntar por isso, não é?» É. Tem mesmo de ser. «A explicação é simples: tive a informação que ele falhara um penalty no ano anterior. Eu conhecia um a um os jogadores do Benfica. O treinador de guarda-redes recordava-me para onde eles batiam. Foi esse o caso do Veloso».

A cidade de Kharkiv acolhe mais um Portugal-Holanda. No meio-campo luso estará o filho de Veloso. Uma coincidência mais num registo histórico riquíssimo entre dois países do futebol.

A final PSV-Benfica: